ISSN 2359-5191

25/04/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 6 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Pesquisa alerta sobre uso racional de planta na alimentação animal
A leucena utilizada como fonte de proteínas contém substância que pode ter efeitos nos sistemas endócrino e reprodutor
A leucena é uma leguminosa originária da América Central com grande adaptabilidade a diversos ambientes.

A leucena é uma planta muito utilizada em dietas de ruminantes, principalmente em sistemas de baixo investimento. A escolha da planta se deve a seu baixo custo e sua abundância em proteínas, minerais e betacaroteno. Entretanto, uma pesquisa realizada pelo médico veterinário Vânius Dipe, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, sugere que haja cautela na utilização desse tipo de alimentação, devido à presença do aminoácido mimosina na planta.

Segundo os resultados do estudo, que buscava analisar os efeitos tóxicos da mimosina, o uso constante da leucena na alimentação de suínos e bovinos reprodutores pode diminuir a libido e, consequentemente, os índices reprodutivos do rebanho. Em sua pesquisa foi analisado o potencial tóxico do aminoácido em ratos, que resultou na diminuição da testosterona sérica dos animais testados. A atividade sexual dos ratos, portanto, diminuiu muito.

Leucena no campus da USP em Pirassununga. Fotos: Vânius DipeAlém disso, através da pesquisa, como ressalta Vânius, foi possível obter alertas sobre os danos que a mimosina causaria à saúde do homem, uma vez que pode estar presente em produtos de origem animal ou em plantas utilizadas na medicina popular. "Já se sabe que vacas alimentadas com leucena liberam mimosina no leite e que esse aminoácido é resistente ao processo de pasteurização, e ainda continuaria presente em tecidos comestíveis desses animais", explica o pesquisador.

Sua pesquisa também contou com um dado surpreendente, que quebrou certo paradigma existente. “Pela primeira vez, nossa pesquisa mostrou que a mimosina provoca lesões graves na tireóide, típicas de bócio em desenvolvimento, em animais não ruminantes", explica Vânius. Segundo ele, acreditava-se que a mimosina só causava bócio em animais ruminantes, pois, no rúmen, ela é metabolizada em um composto altamente bociogênico, chamado 3,4 DHP. O esperado, portanto, era que ela não causasse nenhum mal ao rato, que é um animal não ruminante (monogástrico).

Outro aspecto que também vem sendo estudado são as propriedades antitumorais da mimosina para aplicações futuras, como medicamentos para animais domésticos e até mesmo seres humanos. Em pesquisa anterior, Vânius Dipe e sua equipe conseguiram mostrar que a mimosina evitava ou inibia o desenvolvimento de células malignas, ou seja, tinha efeito antineoplásico, em um tumor agressivo em camundongos. Entretanto, para que o aminoácido possa ser utilizado em terapias anticancerígenas, é necessário conhecer seu potencial tóxico, o que foi analisado em sua pesquisa mais recente.

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