ISSN 2359-5191

11/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 04 - Saúde - Instituto Adolfo Lutz
Vírus mutante pode ser causa de pneumonia asiática

São Paulo (AUN - USP) - A transmissão para humanos de um vírus eliminado em fezes de aves sendo uma das prováveis causas do recente surto de pneumonia asiática é a hipótese mais aceita pela virologista Terezinha Maria de Paiva, da Seção de Vírus Respiratórios do Instituto Adolfo Lutz. Esse vírus teria surgido a partir de mutações em que parte de coronavírus proveniente de bovinos se une com parte de coronavírus proveniente de aves, nas quais causa bronquite.

A doença, que matou várias pessoas nos últimos dias em todo o mundo, ocorreria porque os indivíduos não têm anticorpos para agentes etiológicos com morfologia viral originários de aves. Segundo Paiva, todo o reservatório de vírus da gripe está na Ásia, mais especificamente na China. Nesse país as pessoas mantêm uma relação de muita proximidade entre aves e suínos, o que possibilitaria maior transmissão de agentes entre esses seres.

Pesquisas para se tentar descobrir qual é o novo modelo de vírus que causa essa enfermidade estão sendo realizadas em todo o mundo. Estudos de diversos grupos apresentam resultados diferentes, mas isso não significa que uma pesquisa invalide outras. A pesquisadora enfatiza que tudo ainda é incerto e que qualquer uma das pesquisas pode se mostrar verdadeira com o avanço das análises.

A jornalista britânica internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, supostamente a primeira vítima da pneumonia asiática no Brasil, teve material nasal coletado para exame e as análises começaram no início deste mês no Instituto Adolfo Lutz. Os modos de disseminação da pneumonia asiática, também conhecida pela sigla inglesa Sars (síndrome respiratória aguda grave), ainda são ignorados, apesar de alguns pesquisadores acreditarem que seu contágio se dê apenas através de contato íntimo entre as pessoas. Como outras doenças de contaminação por via respiratória, não há modos de prevenir a proliferação dessa pneumonia.

A virologista afirma que qualquer vírus precisa de receptores específicos para se manifestar nas células e para barrá-los é necessário desvendar quais são esses mecanismos de recepção. Para ampliar as possibilidades de descobrir quais receptores são utilizados pelo vírus causador da Sars para se instalar em células humanas, as pesquisas feitas no Instituto são realizadas com células humanas e animais. A análise se dá por meio de um rastreamento através do protocolo normal de pesquisa (células que normalmente abrigariam esse tipo de vírus) e também com células que geralmente têm afinidade com vírus causadores de outros tipos de enfermidades.

A pesquisadora enfatiza que deve haver um cuidado maior por parte da comunidade médica no diagnóstico dessa doença, tanto para impedir pânico na população mundial quanto para evitar o manuseio incorreto de amostras supostamente contaminadas com esse vírus. Qualquer material que chega ao laboratório para análise é tratado com muito cuidado, mas devido ao desconhecimento sobre as características desse vírus, deve-se tomar cuidados ainda maiores. Os médicos que suspeitarem dessa doença devem especificar no material de análise que se trata de Sars, da pneumonia asiática. Essa é uma das medidas para evitar que essa moléstia se dissemine totalmente antes que a ciência descubra como combatê-la.

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