ISSN 2359-5191

11/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 04 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Pesquisa aponta presença nociva de metais em trabalhadores de fundições

São Paulo (AUN - USP) - Funcionários de indústrias de moldagem de metais da cidade de Loanda, no Paraná, apresentam níveis altos dos compostos no organismo. É o que mostra uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, realizada partir de amostras de sangue e urina de trabalhadores de cinco fábricas do município.

Os principais metais avaliados foram chumbo, cádmio, manganês, arsênio, mercúrio e níquel. As análises dos fluidos foram comparadas aos chamados “limites biológicos máximos permitidos”, que são valores de referência até os quais não se observam efeitos nocivos da presença dessas substâncias no organismo humano. Tanto os funcionários ligados diretamente ao processo de fundição quanto aqueles que trabalham nos demais setores da produção, mas dentro do espaço físico da fábrica, apresentaram níveis bastante superiores aos indicados.

Isto ocorre porque, devido à falta de equipamentos como exaustores e filtros, todos os recintos da indústria acabam contaminados. “Na medida em que se tem esses produtos no ambiente, os trabalhadores ficam expostos a eles”, explica a coordenadora do projeto, a professora Elizabeth de Souza Nascimento, do Laboratório de Toxicologia da faculdade. Indivíduos expostos continuamente a esses poluentes podem vir a desenvolver doenças crônicas, como anemias, hipertensão, insuficiência renal ou problemas neurológicos, exemplos de quadros clínicos típicos da presença excessiva de chumbo no organismo.

A pesquisa, que conta com a colaboração da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), entidade vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, compreende três fases. A cada seis meses, são realizadas análises de espaço e equipamento das indústrias e da presença dos metais nos funcionários. Atualmente, na segunda fase, auditorias da Fundacentro apontam para uma melhoria das condições de trabalho em alguns dos estabelecimentos analisados.

Segundo a professora, a avaliação das indústrias e da saúde do pessoal envolvido é bastante complicada, já que dentro desse período de seis meses algumas fábricas acabam fechando ou sendo incorporadas por outras. Além disso, há um considerável deslocamento dos trabalhadores de um estabelecimento para o outro, conforme vai havendo demissões e contratações.

Fundições que não se adequarem às normas estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores poderão ser fechadas. No entanto, seria mais interessante incentivar os proprietários a cumprirem a lei, uma vez que a produção somada dessas pequenas indústrias gera divisas significativas para o país. “A idéia não é fechar as fábricas, mas estabelecer condições seguras para os funcionários dentro do ambiente de trabalho”, conclui Elizabeth. De acordo com a pesquisadora, fechá-las implicaria em complicações econômicas e sociais para a região, já que o desemprego aumentaria.

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