A obra-prima de Woody Allen, Manhattan, ocupa um importante espaço no imaginário dos amantes do cinema por diversos motivos. A história de um casal na cosmopolita cidade americana contou com a sensibilidade do seu diretor de fotografia para ser contada de forma tão expressiva. Apesar da tecnologia já permitir, em 1979, que os filmes já pudessem ser produzidos em cores, Gordon Willis e Allen optaram por uma obra em preto e branco, para que se anunciasse - veementemente - aquilo que os personagens diziam sobre o cenário: "Nova Iorque é uma cidade em preto e branco".

Apontado por muitos críticos como um dos melhores filmes de Woody Allen, Manhattan é o mais marcante ponto de uma parceria longa e expressiva entre o diretor e Willis. O fotógrafo, falecido no último dia 18 de maio, conviveu por muitos anos com questionamentos profundos sobre seu trabalho. Responsável pela fotografia de filmes de muita importância para o cinema norte-americano, Willis acreditava em uma participação da direção de fotografia na narrativa da produção.

Willis teve, por inumeras vezes, sua obra posta em cheque. Suas participações em filmes eram tidas como exageradas, e suas opções, como questionáveis. Mesmo assim, ao longo de sua carreira pode firmar parceria com grandes diretores como Francis Ford Coppola, Alan J. Pakula e James Bridges.

Apesar de ser visto como um profissional inventivo e ousado, Gordon deixava claro os limites daquilo que se projetava na filmagem de um longa-metragem e aquilo que era factível em um set. Segundo a curadoria do evento: "Seu talento se deve, principalmente, a uma clara noção de como cada atitude no set irá resultar na tela. Alguns diziam até que o fotógrafo tinha obsessão meticulosa, pois ele se empenhava em fazer testes e amostragens para descobrir os limites de cada tipo de película e ter perfeito controle do resultado, fazendo com que o filme se comportasse exatamente da maneira que ele desejava."

O Cinusp fez uma merecida retrospectiva de uma das figuras mais importantes do cinema hollywood, de um profissional responsável pelo aspecto imagético de clássicos, como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa; Todos os homens do presidente e O poderoso chefão. Os filmes foram exibidos nas salas do Cinusp e no Centro Maria Antônia.

A programação completa pode ser revista no site do Cinusp: www.cleo.bz/cinusp.