A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, através do pesquisador Dácio de Castro Dias, fixou referências em valores de hemograma e bioquímica sérica para os muares (mulas). Animais que compõe a história do Brasil, historicamente usados para transportes de cargas, tiveram estudo aprofundado sobre suas origens e especificidades.
Os estudos mostraram que este animal híbrido, originário do cruzamento entre espécies asininas (asnos) e equinas (cavalos), aproxima-se mais de seus genitores asininos. A pesquisa comparou muares machos e fêmeas, de idade superior a 3 anos, com asininos e equinos. Foram utilizadas as três raças mais comuns de muares: campolina, mangalarga marchador e mangalarga paulista, e as duas raças mais usuais de jumentos, o pêga e o brasileiro.
Entre as faixas etárias destes animais, foi descoberta grande diversidade entre os valores bioquímicos e hematológicos. Existe, também, uma diferença entre espécimes de sexos opostos, porém em uma escala menor. Dácio explica: “São comuns as diferenças de valores bioquímicos e hematológicos ao longo da idade, que tendem a se estabilizar. Em alguns casos, há diminuição de certos componentes sanguíneos, regra geral para todas as espécies. No caso dos valores bioquímicos, há ainda enzimas que só se mantem elevadas até uma certa faixa etária, estabilizando-se depois devido à sua relação com o crescimento do animal.”
Fixar tais valores auxilia no tratamento de diversas condições em que estes animais podem se encontrar. A base oferecida permite que veterinários tenham uma melhor visão sobre pequenas alterações em funções corporais que podem indicar algum problema ou patologia. Um exemplo é a utilização destes dados para evitar alterações metabólicas que podem ocorrer nos animais que sofrem treinamentos inadequados.