ISSN 2359-5191

31/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 77 - Ciência e Tecnologia - Instituto Oceanográfico
Método inovador analisa digestibilidade de nutrientes essenciais em peixes
Experimento, que utiliza método in-vitro, analisa rações na produção intensiva da aquicultura

Visando estudar a digestibilidade das rações tradicionais no corpo dos peixes, mais especificamente da proteína e do fósforo, que Fanny Ayumi Yasumaru, doutoranda do Instituto de Oceanografia (IO) da Universidade de São Paulo (USP), utilizou o método in vitro com enzimas digestivas espécie-específicas. O experimento se mostrou preciso, e possui capacidade para ser aplicado às indústrias, porém, devido à demora e à dificuldade em encontrar as enzimas necessárias para os testes, essa aplicação ainda não é uma realidade. Além disso, algumas melhorias, como testes em mais fontes práticas e rotinas de análise, e determinação da possível relação com a digestibilidade aparente da proteína ou da disponibilidade de aminoácidos, também poderiam ser incrementadas a posteriori na utilização do método.

O último senso realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 2012, aponta que a aquicultura superou a produção mundial de carne bovina. Essa cultura diz respeito ao cultivo de organismos aquáticos de forma generalizada, seja vegetal ou animal. O aumento dessa produção se deu, em grande parte, pelo aumento populacional e um consequente aumento na demanda de comida, e também pelo reconhecimento dos benefícios encontrados na carne de peixes e frutos do mar. Para que o cultivo desses animais seja produtivo, é necessário que rações de boa qualidade sejam oferecidas para garantir o crescimento e o bom funcionamento das ações metabólicas no organismo do indivíduo, e daí vem a importância dessa análise.

A experiência

A análise da digestão de rações no organismo do peixe é necessária para se ter ideia do quanto que seu corpo absorve em nutrientes, e o quanto ele os excreta através das fezes. Essa observação é importante, uma vez que, caso a digestão do peixe não seja eficiente, suas fezes, ricas em compostos nitrogenados e fósforo, poluem o meio em que é cultivado.

O método in vitro consiste na incubação do ingrediente a ser analisado - nesse caso, a ração - em uma solução aquosa composta por enzimas digestivas retiradas do estômago e intestino dos peixes em seus respectivos pHs. No caso do estômago, o pH é ácido, e por isso, igual a 2, e do intestino, básico, e igual a 8. Na análise, Fanny utilizou como modelos experimentais as espécies truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss), bijupirá (Rachycentron canadum) e tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus).

"Foram testadas incubações simples (substrato com extrato de estômago ou intestino) e dupla (substrato com extrato de estômago seguido de digestão com extrato de intestino). O método in vitro testado foi o pH-stat, que consiste numa titulação, em que titulante (ácido ou base) é adicionado gradativamente para manter o pH estável. Com a quebra das ligações peptídicas (da proteína) ocorre alteração no pH do meio e o aparelho estabiliza o pH adicionando titulante e o volume consumido, após um determinado tempo de hidrólise (digestão), equivale ao grau de hidrólise protéica (DH, %)", completa Fanny.

Outro método que foi analisado durante a pesquisa foi o in vivo, cujos testes são feitos com os peixes vivos. O in vitro seria complementar ao in vivo, e pode ser uma ferramenta para estimar os resultados deste. "O in vitro utiliza extratos enzimáticos extraídos de estômagos e intestinos dos organismos-alvo e poderia ser mais facilmente utilizado em escala industrial pelas fábricas de ração.", afirma a doutoranda.

 

 

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