A arborização urbana precisa de planejamento público para reduzir seus riscos e potencializar seus benefícios. Com base nesta constatação, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveu o Arbio, um software que permite catalogar e monitorar cada árvore plantada em uma cidade para auxiliar as prefeituras no planejamento da floresta urbana. A solução está sendo utilizada na elaboração do Plano Diretor de Arborização Urbana (Pdau) de Mauá, região do ABC paulista.
Disponível em versões para computadores e smartphones, o aplicativo informatiza o inventário das árvores de uma localidade em um banco de dados atualizado instantaneamente conforme as informações são inseridas. Com base nisso, o poder público pode definir o local e a espécie adequada para o plantio. Outra funcionalidade de destaque do programa é a análise do risco de queda de uma planta. Ao utilizar o Arbio, a prefeitura pode verificar o manejo que precisa ser feito com uma árvore, como remoção ou poda, além de monitorar a inclinação do tronco.
A ferramenta é essencial para a elaboração do Pdau de uma cidade. “É um instrumento legal que permite a gestão, a regulamentação e o planejamento da floresta urbana, mas precisa partir de um inventário. Se eu não souber o que eu tenho de árvore na minha cidade, não tem como planejar”, argumenta Brazolin.
O programa é uma evolução do Sisgau, plataforma de dados na web criada pelo IPT na década passada, para a gestão da arborização da cidade de São Paulo. “Desenvolvemos em 2004 o primeiro software e evoluímos: hoje nós temos um novo produto, mais simplificado, que vai ajudar as prefeituras, até mesmo das pequenas cidades”, detalha Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais (CT-Floresta) do IPT. O trabalho foi realizado em parceria com a equipe do Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade (CIAM), também do Instituto.
Com assessoria técnica do IPT e utilizando o Arbio, Mauá (SP) será o primeiro município do Brasil a contar com este instrumento. Além do inventário, o Pdau também define indicadores ambientais, programas de plantio e manejo, monitoramento e um plano de treinamento ambiental dos técnicos da prefeitura. “E deve ter gestão participativa, sempre envolver as associações de bairro, as empresas, o Ministério Público, entre outras entidades”, acrescenta o biólogo.
“Começamos a trabalhar estudando árvore, mas isso não é suficiente. Nós temos que atuar em gestão de arborização urbana. Temos o potencial para isso e o conhecimento. E temos a primeira iniciativa de grande porte que é fazer as melhorias em Mauá”, afirma o pesquisador.
A assessoria é liderada pela equipe Centro de Tecnologia em Recursos Florestais (CT-Floresta) do Instituto, que realiza análises de risco de quedas das árvores, treinamentos com equipes de técnicos para melhor manejo das plantas, gestão por software da floresta urbana e consultoria a políticas públicas.