ISSN 2359-5191

27/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 89 - Economia e Política - Escola de Educação Física e Esporte
Desenvolvimento de maratonistas aquáticos ainda é precário no Brasil
País sofre com descentralização de entidades responsáveis pela modalidade, além da falta de programas com foco na promoção de jovens atletas
Fonte: Wikimedia Commons

Em outubro deste ano, o nadador Allan do Carmo fez história ao sagrar-se campeão mundial na categoria 10 km da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas, realizada em Hong Kong. Foi a primeira vez que um homem do pais realizou tal feito, igualando a Ana Marcela Cunha, que atingiu a honraria em 2011, no mesmo campeonato. Com a “possibilidade de estudar uma modalidade que possui brasileiros entre os melhores do mundo”, a pesquisadora Maressa Nogueira centrou seu estudo nas metodologias de treinamento e desenvolvimento de potenciais do esporte para formular diretrizes para as novas gerações.

O estudo foi desmembrado em duas linhas de pesquisa. A primeira buscou levantar aspectos da estrutura organizacional da maratona aquática no Brasil. Nessa subdivisão, sua metodologia teve como alicerce a teoria de Green e Oakley, os quais formularam uma lista com medidas administrativas semelhantes feitas por potências do esporte. A globalização – principal agente para tal fenômeno, segundo o estudo – faria com que grandes centros esportivos espelhassem métodos bem sucedidos de seus adversários ao longo dos anos.

A segunda linha de pesquisa buscou “verificar a qualidade dos programas de detecção, seleção e promoção dos talentos esportivos na maratona aquática no Brasil com relação à estrutura, processos e resultados”. Para isso, a pesquisadora aplicou um questionário com dois técnicos olímpicos, dois funcionários responsáveis pela organização da modalidade e nove atletas. O teste buscava avaliar a eficácia dos programas atualmente desenvolvidos pelos órgãos administradores.

No entanto, os resultados não foram muito animadores. O estudo revelou que há deficiências tanto nas estruturas organizacionais por trás da modalidade quanto nos programas de desenvolvimento de talentos. Em relação ao primeiro, a professora destaca que há uma ausência de uma instituição centralizadora, assim como existem problemas com a comunidade direta entre atletas de alto rendimento e entidades de nível nacional.

A análise sobre os programas de treinamento, no entanto, é um pouco mais complexa. Na maratona aquática, os jovens atletas só podem participar de competições da modalidade aos 14 anos. Antes disso, os potenciais nadadores treinam em conjunto com outros esportistas da natação, sem trabalhos específicos para nados com longa distância.

Para a pesquisadora, seria necessário “estabelecer um modelo de treinamento em longo prazo com foco no processo de detecção na modalidade de natação inicialmente, e, à medida que esse atleta atingir a fase de especialização do treinamento, ele pode ser selecionado para a modalidade de maratona aquática, na qual ele terá condições de ser inserido em um programa voltado para distâncias maiores que as praticadas em uma piscina”.

Somado a isso, Nogueira é enfática ao dizer que órgãos superiores do esporte brasileiro deveriam estudar modelos de gestão de outras potências do esporte, a fim de diminuir os aspectos negativos atuais e tornar conquistas como a Allan do Carmo mais frequentes.

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