ISSN 2359-5191

27/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 89 - Educação - Faculdade de Educação
Educação e mídia influenciam visão dos jovens sobre o Brasil
Tecnologia facilitou a expansão das mídias entre os jovens/Fonte: AFS-USA Intercultural Programs

A jornalista e educadora Vanessa Pipinis pesquisou em sua dissertação de mestrado como é que os jovens do ensino médio constroem um ideário sobre ser brasileiro. Para isso, ela investigou o universo da escola e também as mídias, que foram espaços considerados importantes para a construção de sentidos.

Segundo ela, “era visível a articulação de saberes que vinham da escola, especialmente nessa questão da criticidade, e saberes vindos na mídia” e complementa que “[na] tentativa de se contrapor ao país ideal, eles traziam muito as questões que estavam na mídia”. Contudo, também foi percebido que a grande maioria dos jovens não fazia uma crítica profunda e que realmente analisasse as questões estruturais dos problemas sociais do país.

Sobre isso, Vanessa comenta: “E é claro que pedir uma reflexão tão aprofundada e tão crítica, talvez seja demais para aquele momento da sua experiência escolar, mas acho que é importante pontuar essa questão, especialmente para a escola se perceber como um espaço importante para fomentar esse tipo de reflexão”.

Ela escolheu estudar a escola e a mídia a partir da ideia de que o processo de socialização é o responsável pela construção da representação de país e de identidade brasileira. Em linhas gerais, esse processo acontece nos lugares por onde as pessoas circulam. Vanessa explica: “Antigamente, os jovens ficavam na escola, na família e nos grupos religiosos. Hoje, esses grupos são muito mais diversos. Temos especialmente as mídias, os grupos virtuais de afinidade. [...] O jovem passa por todos esses espaços e ressignifica todas essas informações”.

A pesquisa teve como origem o grupo de estudos desenvolvido pela professora Graça Setton, da Faculdade de Educação da USP, sobre processos de socialização da contemporaneidade. Nesse grupo, foi feita uma análise de consumo cultural de jovens de várias escolas do país. Foi mapeado quem eram esses jovens, o que eles consomem e como é que eles constróem seus projetos de vida.

Para continuar a pesquisa individual, Vanessa optou por trabalhar com alunos do 3º ano do ensino médio da escola de aplicação da Faculdade de Educação. Essa escolha foi analisada por ela: “Nós já sabíamos que eram jovens em uma condição de vida privilegiada” e continua “são famílias que estão longe da linha de miséria, e que, portanto, permitem ao jovem algum acesso cultural e um projeto de vida”.

Ela dividiu a pesquisa em três etapas: a observação de aulas de história, uma entrevista com o professor dessa disciplina e uma atividade prática com os alunos. Ela explica o motivo da escolha pela disciplina de história: “Eu queria com esse trabalho compreender como é que o jovem constrói a ideia de identidade nacional, como ele constrói esse mapa, essa fotografia do país. E para isso, a aula de história é fundamental.”

Na atividade prática, Vanessa pediu para os alunos escreverem uma carta apresentando o Brasil para uma pessoa que fosse de um país estrangeiro e que não tivesse nenhuma referência do país. A pesquisadora conta: “Os jovens escreveram uma carta contando o que era o Brasil e ai a partir disso conseguimos coletar os dados para interpretar esse rearranjo e esse processo de construção”.

A partir da leitura dessas cartas, Vanessa identificou três grupos de discurso diferentes que apareciam na maioria delas: aspectos naturais, aspectos culturais e questões políticas. Além disso, a pesquisadora percebeu que o raciocínio elaborado nelas seguia uma lógica semelhante. Segundo ela, as cartas começavam com características boas sobre o Brasil: “Eles sempre lembravam que o Brasil é um país muito bom na sua dimensão natural, na sua extensão territorial, e que é um país grande e rico”.     

No desenvolvimento, as cartas mudavam de tom: “Depois disso, eles contrapunham a ideia inicial desse país forte, punjante, feliz e alegre, com os problemas sociais”. Por fim, Vanessa explica: “ as cartas eram sempre encerradas com uma certa frustração”.

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