O objetivo principal da pesquisa de Caroline de Souza Almeida, formada em Ciências Biológicas e mestre em Imunologia, era estudar o papel de uma proteína extraída do veneno da cascavel em relação à resposta imunológica de uma inflamação intestinal experimental (induzida em cobaias especialmente para a pesquisa). O estudo, além de obter sucesso, ao constatar a função reguladora dessa proteína, chamada crotoxina, começou a desvendar os meios pelos quais ela atua, aumentando a produção de mediadores inflamatórios, como prostaglandina E2 e lipoxina A4.
Sob a orientação da pesquisadora Eliana Faquin de Lima Mauro, do Instituto Butantan, a bióloga Caroline decidiu por esse estudo pois existem diversas doenças inflamatórias intestinais que apresentam causas ainda desconhecidas, sendo chamadas de idiopáticas. “Alguns autores acreditam que fatores genéticos, alterações na microbiota intestinal e desequilíbrio da resposta imunológica estariam associados ao surgimento dessas patologogias. Além disso, o tratamento para essas desordens apresenta muitos efeitos colaterais aos pacientes.” Por esses motivos, é preciso mais estudos relacionados a essas doenças e às respostas imunológicas envolvidas.
A pesquisa foi desenvolvida in vivo, estudando a doença experimental em camundongos. Após a aprovação do projeto, avaliou-se os sinais clínicos dos animais após a indução da doença. Assim, foram testadas várias doses da crotoxina no tratamento, até alcançar a menor concentração que fazia efeito nos sintomas clínicos. Após a padronização, avaliou-se a imunidade celular desenvolvida durante a inflamação. Com auxílio de diversas tecnologias, decifrou-se alguns mecanismos da crotoxina para modular a resposta inflamatória encontrada nos intestinos dos animais. Em conjunto com outros trabalhos, esses achados somam informações relevantes para a busca de novas terapias para as diversas doenças estudadas.