ISSN 2359-5191

19/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 105 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Novo tratamento terapêutico em cavalos pode se tornar doping indetectável
Aplicação de plasma sanguíneo em articulações doentes apresenta resultados anti-inflamatórios, porém podendo também ser um estimulante à resistência física do animal

Devido ao alto número de injúrias que sofrem cavalos de esporte, e o alto preço do tratamento destas, Juliana Junqueira Moreira, pesquisadora da FMVZ-USP descobriu que a injeção do plasma sanguíneo destes animais diretamente em suas articulações tem efeitos anti-inflamatórios. Embora em fases muito iniciais, pesquisa mostra resultados promissores que levantam também o temor da possibilidade da técnica ser usada como uma forma de doping indetectável em animais de competição.

As substâncias chave deste processo são as citocinas, moléculas responsáveis por sinalizar a resposta imunológica do organismo. A aplicação destas substâncias já é feita em humanos através de um soro enriquecido aplicado diretamente nas articulações doentes. A partir de tal procedimento, devido à grande semelhança entre as articulações humanas e equinas, desenvolveu-se um soro específico aos equinos para tais tratamentos terapêuticos.

Entre as condições que normalmente necessitam de tal intervenção estão a osteoartrite e a osteocondrose, ligadas diretamente ao abuso físico do animal, normalmente em cavalos de esporte. Animais de fazenda também sofrem de tais condições, porém o alto custo do tratamento acaba estimulando a simples substituição do animal ao invés do investimento em sua saúde.

Cavalos atletas possuem muito valor agregado, fazendo com que sua substituição seja muito cara, o tratamento torna-se a única saída para os criadores, este no entanto também não sai nada barato. Cada dose do soro específico para estes animais custa em torno de 700 dólares para o dono.

A descoberta da nova técnica vem como uma alternativa a esta questão, o plasma sanguíneo apresenta grandes quantidades de citocina e obteve resultados muito positivos nesta pesquisa inicial, no entanto, os efeitos anti-inflamatórios ainda são muito pequenos e infinitamente inferiores que os conseguidos com o soro.

Em compensação a técnica de aplicação do plasma é muito mais acessível, necessitando apenas de um profissional, um centro cirúrgico simples e 50 reais de investimento aproximado. A aplicação do plasma já foi capaz de conter todo o estresse pós-operatório que gerava pequenas inflamações em testes feitos.

Mesmo que ainda em fase inicial, este estudo se torna um estímulo para procurar tais tratamentos em pessoas também, no entanto, ainda não se fez este tipo de teste. Os riscos são mínimos por se tratar de um composto acelulado retirado do próprio ser que o receberá posteriormente. “Não foram detectados casos de rejeição no estudo” confirma Juliana.

Se atingida a minimização das mazelas de realizar a artrocentese, cirurgia necessária para aplicação do plasma na articulação do animal, Juliana teme que tal técnica passe a ser utilizada como doping em animais de competição, afirmando ainda que seria totalmente indetectável tal procedimento.

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