ISSN 2359-5191

05/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 95 - Arte e Cultura - Cinusp Paulo Emílio
Diretor austríaco faz projeção simultânea de dois filmes em mostra Ouvir Imagens
Performance foi realizada pelo Cinusp Paulo Emílio
O diretor austríaco Peter Kubelka

O Cinusp Paulo Emílio realizou na noite desta última quinta-feira, uma sessão especial com o diretor austríaco Peter Kubelka em que foi exibida a obra Monument Film, produto dos mais recentes experimentos do cineasta, onde os filmes Arnulf Rainer e Antiphon foram projetados ao mesmo tempo, criando um efeito de estroboscopia quando uma fonte de luz pulsante ilumina um objeto em movimento. No caso da performance cinematográfica de Kubelka, seria o encademanto das cores branco e preto e do ruído com o silêncio.

Essa ligação entre cores visualmente opostas e entre barulho e silêncio, é parte da discussão suscitada pela mostra Ouvir Imagens, festival de filmes e apresentações artísticas que discutem o fundamental papel que o som possui dentro da produção cinematográfica. Foram privilegiados vídeos onde o som tem papel fundamental na narrativa, sem a obrigação de se debruçar sob uma teoria específica sobre o tema. A própria mostra funciona como um caleidoscópio de conceitos e técnicas, privilegiando muito mais o aguçamento e o estímulo de sensações do espectador do que a discussão de um conceito específico.

Peter Kubelka e a película

Nascido em Viena (Áustria), mais precisamente em 1934, Peter Kubelka começou a filmar na década de 1950 e desde o início de sua carreira desenvolve filmes em película (os conhecidos “filmes em rolo”). A relação do diretor com esse tipo de produção cinematográfica mais artesanal, onde o cineasta tem uma relação maior com a criação, é marca registrada de Peter.

Segundo Cédric Fanti, curador da mostra Ouvir Imagens e organizador da sessão especial com o austríaco, “ele nunca deixa as pessoas exibirem os filmes dele de outra forma que não pela película. Se não há condições de trazer os filmes do Kubelka da Áustria ou não tem as como exibir suas obras em um projetor de filmes em 35mm, será impossível assistir seus vídeos”. A exigência se explica pelo fato do diretor fazer performances ao vivo com seus filmes, como é o caso de Monument Film, o que seria inviável caso suas obras fossem digitalizadas.

A performance

Após exibição de quatro curtas de Peter Kubelka — Adebar, Schwechater, Arnulf Rainer e Unsere Afrikareise—, houve ainda a exibição da obra Monument Film. No experimento, o diretor utiliza dois projetores com filmes diferentes e ao mesmo tempo.

Arnulf Rainer, realizado em 1960 e composto de quadros pretos e brancos que mescla momentos de barulho e silêncio, é exibido em um projetor, enquanto Antiphon, de 2012, é montado de forma contrária (branco e preto, silêncio e ruído). Estes momentos são projetados ao mesmo tempo, causando o referido efeito estreboscópico. Após a performance o cineasta fará uma palestra, que será conduzida em inglês, com tradução simultânea para o português. A sessão gratuita foi aberta ao público em geral.

Serviço: A Sessão Especial Monument Film, com a presença do diretor Peter Kubelka, exibida no dia 4 de dezembro, 19:00, no Cinusp Paulo Emílio (Rua do Anfiteatro 181, Colméia, Favo 37 - Cidade Universitária; telefone: 011 3091-3540). Entrada Gratuita. Lotação: 100 lugares. Informações de horário e programação: www.usp.br/cinusp
 
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