O principal objetivo da tese que Fernando José Dias desenvolveu no Institudo de Ciências Biomédicas era analisar duas terapias inovadoras no tratamento das lesões dos nervos periféricos: a terapia com laser de baixa intensidade (LBI) e a aplicação da proteína F1, extraída do látex natural (Hevea brasiliensis— seringueira). O nervo escolhido foi o isquiático (antigamente conhecido como ciático), responsável pela inervação da perna, pé e a porção posterior da coxa, pois ele apresenta fácil acesso, com muitos testes descritos e bem aceitos na literatura e por ser um nervo misto (motor e sensitivo) cujos resultados poderiam inclusive ser extrapolados para outras regiões do organismo.
Já existiam muitos estudos que utilizaram o laser de baixa intensidade no tratamento de vários tipos de lesões nervosas, e demonstravam resultados promissores. O pesquisador escolheu esse tema por já ter trabalhado com o LBI em músculos esqueléticos sem lesão, mas não achava os resultados diretamente aplicáveis. Sobre o emprego da proteína F1, existia apenas um estudo que utilizou essa proteína para analisar uma possível regeneração/recuperação dos nervos periféricos. Porém, nesse caso a proteína foi utilizada impregnada numa biomembrana do próprio látex, que, na opinião do pesquisador, apresentava a desvantagem de não ser biodegradável, ou seja, após uma cirurgia para inserir a biomembrana, fazia-se necessária uma segunda para retirá-la. Assim, nesse estudo, a proteína foi utilizada associada a um hidrogel de ácido hialurônico, que é um dos componentes naturais do organismo, e servia como veículo para os tecidos do sistema nervoso. A tese, além de ser original pela associação do laser com a proteína f1, também analisou pela primeira vez a forma biodegradável dessa proteína nas lesões nervosas.
A pesquisa demorou cerca de três anos e meio. Foi possível observar melhoras com todos os tratamentos propostos: aplicação do laser, apenas da proteína F1 e a aplicação conjunta dos dois tratamentos. A aplicação da proteína F1 revelou o melhor resultado entre os tratamentos, vindo contra a hipótese inicial que os dois tratamentos se potencializariam quando aplicados juntos.
O próximo passo é confirmar esses resultados por meio de testes funcionais nos animais, tais como a análise de tolerância à dor e ação muscular. Os resultados obtidos no emprego do LB1 e da proteína F1 dão suporte para continuar a pesquisa em outros níveis.