ISSN 2359-5191

28/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 27 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Exercícios de força auxiliam no tratamento de Parkinson
Resultados da pesquisa mostram redução significativa dos sintomas
Treinamentos como esse refletiram em uma grande melhora dos pacientes - Crédito: Arquivo/Carla da Silva Batista

Uma pesquisa desenvolvida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP buscou comparar dois tratamentos para pacientes com Parkinson. Um era o treinamento de força comum e o outro era o treinamento de força associado com instabilidade. Os resultados alcançados pelo segundo foram muito superiores ao primeiro e reduziram significativamente os sintomas da doença.

Treinamento de força é todo aquele praticado com aparelhos de musculação, que trabalhem a força dos músculos, ou seja, que trabalhem com pesos (ou cargas) externas. Foram feitos cinco exercícios com os pacientes, entre eles, o agachamento e o leg press, aparelho que trabalha a força das pernas.

O grupo que trabalhou com instabilidade tinha um diferencial nesses exercícios, que era o acréscimo de alguns acessórios instáveis, ou seja, que dificultam o equilíbrio durante o treinamento. Esses acessórios eram colocados nos locais em que era aplicada uma maior força. No caso do agachamento, por exemplo, um dos que causava mais instabilidade, o paciente realizava com uma espécie de “almofada” em cada pé e uma bola entre as costas e a parede (veja foto acima).

A instabilidade não era vista com tanta intensidade nos exercícios com os membros superiores. No entanto, segundo a pesquisadora Carla da Silva Batista, a intenção era trabalhar mais com os inferiores mesmo. “O objetivo era com os membros inferiores por causa da queda, já que eles caem muito”, diz.

Para uma pessoa saudável realizar movimentos, é necessário um “diálogo” entre algumas estruturas do cérebro. Primeiramente, o córtex percebe quando a pessoa quer realizar algum gesto e manda um aviso para os núcleos da base, que vão dar a “autorização” para que o córtex facilite ou iniba este movimento. O córtex, finalmente, vai enviar essa mensagem ao músculo para que ele realize ou não a atividade. No caso de um paciente com Parkinson, a dopamina, que é o neurotransmissor responsável por fornecer energia para toda essa estrutura, tem uma diminuição significativa, de até 80%, o que faz com que a informação saia desregulada e cause os sintomas da doença.

Os sintomas são basicamente quatro: rigidez, tremor, movimentos lentos e déficit corporal (falta de postura). Segundo a pesquisadora, a ideia de comparar esses dois treinamentos surgiu, porque sabia-se que o treinamento de força, quando associado à instabilidade, gera uma maior mensagem do cérebro para os músculos (drive neural) se comparado com o de força comum. A ideia era, então, ver se o cérebro conseguiria mandar mais mensagens para que os músculos dos pacientes ficassem menos rígidos, mais rápidos e com menos tremor. “E a gente viu que diminuiu todos esses sintomas do Parkinson com a instabilidade, e só com a força não diminuiu nada”, afirma.

O tempo para andar 3 metros, por exemplo, diminuiu bastante nos pacientes que treinaram com instabilidade. Alguns até chegaram a apresentar resultados melhores que a média do grupo dos saudáveis, enquanto que o treinamento de força comum teve resultado quase estável, com pouca diminuição. O mesmo aconteceu com a neuroplasticidade do cérebro (melhora de raciocínio, resolução de contas, entre outras funções cognitivas).

“Melhorou a qualidade de vida deles, aumentou força, diminuiu sintomas, então assim, teve uma melhora clínica e funcional, foi bem legal mesmo, os pacientes melhoraram bastante”, comemora a pesquisadora.

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