ISSN 2359-5191

23/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 24 - Arte e Cultura - Instituto de Estudos Brasileiros
Pesquisa sobre musicóloga Oneyda Alvarenga será lançada em livro
Trabalho, que originou programas na Rádio Cultura, apresenta a amizade dela com Mário de Andrade, seu mentor modernista
Grupo de estudos de História da Música no escritório da casa de Mario de Andrade. Da esquerda para a direita: Carlos Ostronoff, Sonia Stermann, Oneyda Alvarenga, Mario de Andrade e Climène de Carvalho. Data – 1934. Fundo Mario de Andrade, Série Fotografias, Código MA – F – 1484. Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo

A dissertação de mestrado de Valquíria Maroti Carozze, que se propôs a analisar, interpretar e destacar o desempenho da musicóloga Oneyda Alvarenga como diretora da Discoteca Pública Municipal de São Paulo (atual Discoteca Oneyda Alvarenga), ganha novos desdobramentos. Defendida em 2012, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), o trabalho agora vai ser lançado em livro, sob o título Oneyda Alvarenga: da poesia ao mosaico das audições.

O projeto de Valquiria deu origem, em 2013, a uma série de 21 programas na Rádio Cultura, organizados para resgatar as atividades da musicóloga. Os episódios de Oneyda Alvarenga e Seus Concertos de Discos, disponíveis ao público no site da Rádio Cultura, buscam apresentar na íntegra os programas de concertos montados pela intelectual na época, além de reproduzir textos e depoimentos de Oneyda para a contextualização de suas escolhas musicais. Quando a série foi lançada na Rádio Cultura, a AUN realizou uma matéria sobre o tema, que pode ser acessada nesse link.

À frente da Discoteca, ela foi ativa na busca pela aceitação da música contemporânea, que sofria resistência do público, organizando concertos e espalhando cartazes com incentivos à apreciação. O último capítulo do livro comenta sobre esses programas elaborados por Oneyda.

O livro, assim como a pesquisa, revela a trajetória de Oneyda à frente da Discoteca Pública Municipal de São Paulo. A jovem poeta, nascida em Varginha (MG) e autora dos versos do livro A menina boba, veio para São Paulo em 1931, estudar piano no Conservatório Dramático e Musical, onde foi aluna de Mário de Andrade. A influência e amizade do intelectual, como diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo e criador da seção que comportava o funcionamento do acervo musical e folclórico, é resgatada no livro. No período, o mundo ocidental atentava para rádios educadoras e também para a importância do registro sonoro, as gravações de músicas então chamadas “populares”. É mostrado como Mário de Andrade, mentor modernista de Oneyda Alvarenga, dedicou a vida aos estudos de História da Música, à crítica de arte e musicologia, sempre no sentido de promover a busca de uma expressão genuinamente nacional da música brasileira.

Situando o contexto histórico e político, o livro acompanha a criação, inauguração e existência da Discoteca Pública Municipal, seus objetivos, seu viés cultural, antes e durante o governo de Getúlio Vargas; o valor e o sentido da urgência da organização da documentação musical brasileira e latino-americana na época do Departamento de Cultura, sob diretoria de Mário de Andrade, segundo os propósitos do americanismo musical defendido pelo musicólogo alemão naturalizado uruguaio Curt Lange.

Ainda sob o ponto de vista do americanismo musical, a obra estabelece relações entre os objetivos de difusão cultural mediante o trabalho de recuperação da música folclórica pela Missão de Pesquisas Folclóricas, a criação da Discoteca Pública Municipal e o contexto latino-americano, com sua atmosfera intelectual, que favorecia a criação de órgãos que pusessem à disposição documentos a serem pesquisados, refletindo sobre esse empreendimento no momento sócio-cultural brasileiro das décadas de 1930 e 1940.

A quem se interessa, não só pela história da música brasileira, mas ainda pela educação musical, o último capítulo do livro mostra o conjunto dos programas de concertos de discos que Oneyda Alvarenga realizou semanalmente na Discoteca Pública Municipal, durante as décadas de 1930, 1940 e 1950. O conteúdo dos programas é posto em relevo, permitindo que se vislumbre o resultado prático da formação erudita da musicóloga no emprego da metodologia experimentada na Discoteca, naquelas audições gratuitas. A fim de difundir o conhecimento da história da música universal, ao mesmo tempo que se estabelecia uma lenta e perene luta para, além da grande tarefa de formar o ouvinte, refinar seu gosto musical, principalmente com o objetivo de fazê-lo conhecer, respeitar e apreciar a música contemporânea.

O lançamento do livro Oneyda Alvarenga: da poesia ao mosaico das audições, pela Alameda Casa Editorial, será em 24 de abril, das 18h30 às 21h30, na Livraria Martins Fontes - Paulista. Endereço: Av. Paulista, 509.

 

Veja outras matérias da AUN que envolvem a trajetória de Oneyda Alvarenga:

Rádio ensina música contemporânea
http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=5671&edicao=1003
Seminário homenageia centenário de Oneyda Alvarenga
http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=4068&edicao=670

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br