ISSN 2359-5191

28/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 27 - Ciência e Tecnologia - Centro de Biologia Marinha
Larvas de peixes são ativas desde o início de seu desenvolvimento
Pesquisa nega suposta irrelevância do tema e revela que padrões comportamentais estão relacionados à constante busca por alimento
Curvaturas do corpo de uma larva de garoupa, Epinephelus marginatus, cinco dias após a eclosão. Técnica de imageamento utilizada: microscopia de sistemas de filtros pareados. (Foto: Cássia Goçalo)

O comportamento natatório e alimentar de larvas de peixes marinhos das espécies bijupirá (Rachycentron canadum) e garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus) foi o objeto de estudo da doutoranda Cássia Goçalo, do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho é o primeiro a analisar os aspectos comportamentais dessas larvas em câmera lenta, revelando movimentos extremamente rápidos de busca e tentativa de captura de presas.

O assunto já fora julgado irrelevante, sendo as larvas consideradas pobres nadadoras, com pouco controle sobre suas trajetórias e derivando passivamente pelas correntes marinhas. Sobre isso, Cássia comenta: “O comportamento natatório implica ser fundamental na procura por condições ideais que proporcionam a alimentação e garantem a sobrevivência do indivíduo, envolvendo questões ecológicas intra [entre seres vivos de mesma espécie] e interespecíficas [entre seres de espécies diferentes]”.

As espécies estudadas têm um grande alcance de distribuição geográfica e são importantes economicamente como recursos pesqueiros e de alto potencial para a piscicultura marinha, o que ressalta a importância da pesquisa.

Metodologia e resultados

Verificar as diferenças no comportamento das larvas na presença de presas foi possível através de técnicas de imageamento, utilizando um sistema óptico e uma câmera que registra movimentos rápidos. As larvas foram obtidas a partir de desovas de peixes adultos mantidos em cativeiro, e os experimentos realizados em laboratório na base de Ubatuba do IO-USP e no Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar-USP).

“As larvas estudadas estavam em fase da primeira alimentação, que consiste num estágio de transição alimentar entre a absorção da reserva vitelínica [material nutritivo que auxilia a alimentação do embrião] e desenvolvimento completo dos sistemas sensoriais e digestório”, explica a pesquisadora. De acordo com ela, isso permite que a pequena larva (no caso, com tamanho de dois a cinco milímetros) seja capaz de iniciar a captura do alimento no ambiente.

O comportamento natatório foi composto por contrações musculares e batimentos da nadadeira caudal, que proporcionam os movimentos ondulatórios do corpo durante o deslocamento. Após as contrações, ocorre uma mudança de direção e o deslocamento se dá, com abertura da cavidade bucal, em direção às presas, caracterizando a tentativa de captura.

Esse comportamento está relacionado com os aspectos ecológicos específicos: no caso do bijupirá, por serem nadadores ativos, é necessária a constante mudança de direção e, para as garoupas, o auxílio à realização de manobras, pois habitam ambientes rochosos como cavernas, fendas e orifícios. Em suma, os resultados do trabalho indicam que a presença de presas apresentou uma influência significativa no comportamento das larvas.

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