Para agilizar e aperfeiçoar cirurgias de correção óssea em cães, o professor Cassio Ferrigno, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica da USP, começou a utilizar a impressora 3D para planejar o procedimento. Antes de usar a impressora, os casos de deformidade óssea, de nascença ou por acidente, eram tratados a partir de tomografias e desenhos. Cada caso era estudado a partir de esboços e fotografias, assim como o planejamento da cirurgia. Com o aparelho, o planejamento passou a ser feito em uma “cópia” do osso em formato real.
A partir da tomografia, um programa de computador lê as informações e as codifica para a impressora 3D, de forma que o osso deformado possa ser impresso em tamanho real e com todos os exatos detalhes. Assim, a cirurgia é estudada e simulada nessa cópia, para que, durante o processo cirúrgico, os médicos veterinários alcancem uma precisão muito maior. A cópia do osso a ser corrigido é produzida com várias camadas de um plástico, de forma que as sucessivas camadas acabarão por gerar a forma desejada. Esse plástico, chamado PLA, é um material biodegradável feito a partir de fontes renováveis, podendo utilizar milho, mandioca, beterraba e cana-de-açúcar como matérias-primas.
Os detalhes da precisão da cirurgia chegam a uma escala maior com o uso da cópia do osso, pois todos os ângulos são previamente definidos durante o estudo do caso. O que seria estudado no papel e só seria comprovado e testado no momento da cirurgia, agora pode ser simulado e corrigido durante o planejamento.
Em uma cirurgia, quanto maior o tempo cirúrgico, maior é a exposição do organismo ao ambiente, e maiores as chances de o paciente ser acometido por uma infecção. Devido à facilidade alcançada com a impressão 3D, as cirurgias de correção óssea que utilizam essa tecnologia ocorrem em um tempo muito menor, o que consequentemente diminui o tempo de exposição do animal. Dessa forma, essas cirurgias apresentam um risco de infecção muito menor para os animais que possuem alguma deformidade óssea.
Cachorro Chico com deformação na pata traseira antes da cirurgia de correção óssea
Ferrigno conta que a impressora 3D está sendo utilizada em cães e gatos há um ano na FMVZ, e que antes de usar o aparelho o planejamento das cirurgias de correção era muito mais difícil e demorado. Além disso, a cirurgia não era tão precisa, de forma que os resultados eram inferiores. Atualmente, a FMVZ planeja utilizar o scanner 3D para melhorar a mensuração do resultado das cirurgias. Como a impressora 3D utiliza dados da tomografia, só é possível imprimir o osso do animal. Com o scanner, todo o membro poderá ser escaneado e impresso, de forma que projetar os resultados da cirurgia ficará muito mais fácil e preciso.
Confira o vídeo da AUN TV: