ISSN 2359-5191

11/05/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 33 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
Pesquisa aponta que controle qualitativo de alimentos importados pode ser aperfeiçoado
Peixe panga, uma das espécies utilizadas no estudo

Adriano Perrelli, fiscal federal agropecuário e mestrando pela  Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP), está realizando uma pesquisa para avaliar as condições microbiológica e higiênico-sanitárias no processo de importação de duas espécies de peixes: o panga (originário do Vietnã) e o polaca (vindo da China). A ideia é, com respaldo da Vigiagro (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional) e da FMVZ, aumentar a credibilidade de análise de amostras e fiscalização, além de aliviar a pressão exercida nos estabelecimentos SIF (frigoríficos selecionados que apresentam a marca do Serviço de Inspeção Federal) durante o processo.

 Atualmente, quando os peixes chegam ao porto de Santos, é feita uma fiscalização sem coleta, ou seja, é verificada a documentação exigida para que o alimento entre no país. Nesses documentos, o fiscal verifica se foram mantidas as condições necessárias para a manutenção da qualidade do produto. Além disso, há a verificação sensorial, ou seja, o fiscal avalia o cheiro, a temperatura e as condições visuais esperadas no produto.

 Depois da fiscalização na zona primária, o produto segue para um frigorífico "sifado", ou seja, com a marca do Serviço de Inspeção Federal, onde é feita a coleta e análise de material, para que haja a certeza de que aquele produto está em condições ideais para consumo humano. Só então é emitido um certificado de qualidade. Porém, esses frigoríficos também são responsáveis pela análise de amostras de produtos para exportação, de forma que há uma pressão sobre essa parte do processo.

 A ideia é que, assim como na Europa e nos EUA, a coleta e análise de amostras de produtos importados seja feita ainda na zona primária, ou seja, no porto. Dessa forma, a logística do processo seria facilitada, já que, em casos de reprovação durante a análise de coleta, o transporte porto-frigorífico não seria feito em vão. Da mesma forma, isso facilitaria e aliviaria o trabalho dos estabelecimentos sifados, que já receberiam os resultados de análises de coleta para emissão de certificado. Assim, o processo poderia ser acelerado com a divisão de obrigações, de modo que os portos poderiam ficar responsáveis pela análise de amostras das importações, e os estabelecimentos sifados poderiam focar seus esforços no controle de análises de exportação.

 Antes que um produto seja importado para o Brasil, o Ministério da Agropecuária vai até o estabelecimento de origem, de forma a fiscalizar o abate e garantir o controle de qualidade. Após esse processo, a análise continua sendo feito nos estabelecimentos sifados, mas apenas uma certa porcentagem. Outro objetivo do projeto é aumentar a porcentagem de material analisado, de forma a dar maior credibilidade à analise. "Aumentando o enfoque e a frequência da análise, isso dará um maior respaldo para o Ministério da Agricultura", explica Adriano. Dessa forma, a resposta de análise seria mais eficiente e os riscos sanitários seriam menores.

 Como atualmente faltam recursos humanos no Ministério da Agricultura, a parceria com a USP seria importante para utilização de recursos humanos da Universidade, além do apoio de conhecimento técnico-científico existente na FMVZ, útil para melhorias e correções no projeto. Apesar da parceria ainda não estar firmada, a idéia é que o próprio Ministério da Agricultura contribua com o orçamento da pesquisa.

 Adriano escolheu o panga e o polaca como objetos iniciais de pesquisa devido ao aumento do consumos desses peixes, ao baixo custo e do consequente preconceito que há por trás das espécies, já que, por serem muito baratos, muitos consumidores têm a idéia de que são produtos que "não prestam". Somado a esses pontos, o fato de o polaca ser proveniente da pesca extrativista, enquanto o panga é um pescado de aquacultura, ou seja, criado com o objetivo de ser consumido. Esse quadro possibilitará uma análise comparativa ao estudo.

 Além de querer desvendar a situação desses dois produtos, o objetivo de Adriano é que, a partir desse estudo sobre a importação de duas espécies de peixes no porto de Santos, seja criado um modelo de controle de qualidade que poderá ser usado para todos os alimentos de origem animal em portos e aeroportos Brasil afora. Além disso, com  o sucesso do projeto, seria levantada uma base de dados que pode diminuir a burocracia para a  entrada de produtos de origem animal, de forma que produtos de fabricantes com qualidade cientificamente comprovada poderiam entrar mais facilmente no Brasil, enquanto o controle e a análise poderiam ser focadas em produtos que apresentaram maior risco à saúde.

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