ISSN 2359-5191

12/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 48 - Saúde - Faculdade de Medicina
Neurociência influencia na tomada de decisões econômicas
Ativação cerebral em casos de negociações é diferente em profissionais e estudantes
Reprodução

Negociar ações em bolsas de valores é uma prática comum e que apresenta muita instabilidade, possibilitando o lucro ou o prejuízo. Em face desse comportamento das pessoas que se dedicam a tais atividades de risco, o economista Roberto Ivo da Rocha Lima Filho propôs, em sua tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da USP, uma abordagem dos aspectos neuroeconômicos que influenciam nas tomadas de decisões em aplicações na BM&FBovespa.

Em sua pesquisa, Roberto utilizou-se de 80 voluntários, sendo 40 alunos de cursos de graduação e os outros 40 traders - profissionais que atuam no mercado financeiro comprando e vendendo ações na bolsa de valores. Todos eram submetidos a uma simulação, na qual recebiam 50 mil reais fictícios que deveriam ser investidos em ações. Durante essa dinâmica, os participantes eram submetidos a um eletroencefalograma - exame que extrai as ondas cerebrais a fim de se viabilizar a análise do comportamento de determinadas áreas do cérebro através de eletrodos instalados no couro cabeludo. Dessa maneira, o pesquisador pôde compreender quais são os fatores neurológicos ativados durante uma situação de negociação de ações. O economista também detectou as possíveis diferenças neurológicas em relação aos dois grupos de estudo.

Como esperado, Roberto percebeu que houve muito diferença entre os graduandos e os traders, tanto no resultado final, quanto nos dados neurológicos. “O que a gente observou foi que os estudantes estavam aprendendo, pelo fato de não terem um conhecimento essencial de finanças. Assim, no começo, eles tomavam decisões mais demoradas e depois se familiarizavam com o processo”, explica o economista. “No caso dos traders, já foi outra coisa. Nós notamos que a tomada de decisão foi muito rápida, pois eles se baseavam na experiência pregressa deles”. O pesquisador acrescenta dizendo que a variação no resultado final, em reais, entre os alunos foi muito menor do que a dos traders. De acordo com Roberto, isso se dá porque os profissionais se arriscam muito mais, podendo ter, ao mesmo tempo, grandes perdas ou ganhos. Por outro lado, os estudantes, que desconhecem a prática, arriscam-se pouco, pois sentem aversão ao risco e temem a grande perda de bens.

Porém, a diferença principal entre os dois grupos foi em relação aos resultados do eletroencefalograma. Roberto conta que durante a simulação, os estudantes tiveram uma “convulsão cerebral” já que praticamente todas as áreas do cérebro eram ativadas de forma intensa. Os traders, por outro lado, apresentaram resultados contrários, pois tinham apenas algumas áreas específicas em ativação durante os momentos de compra e venda. O pesquisador aponta para a área frontal do cérebro como a mais ativa durante o experimento, isso porque é essa região a responsável pela elaboração de estratégias. Outro ponto também levantado é o de que áreas distintas são acionadas em situações de compras e vendas, e essa variação é mais comum nos traders. “Nos traders já não tem tanta ativação no cérebro, porque eles conseguem absorver toda a informação, filtrar as informações e utilizar determinadas áreas do cérebro para atingir aquele objetivo, ou seja, maximizar o lucro”, conclui o economista.


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