ISSN 2359-5191

22/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 54 - Meio Ambiente - Instituto de Geociências
USP lançará painéis de geoturismo no litoral norte paulista
Doze placas serão instaladas em quatro municípios até o final deste ano; projeto busca divulgar história geológica da região
Morro do Santo Antônio, Caraguatatuba, onde será instalado painel. Foto: Maria da Glória Motta Garcia

Após quatro anos de estudos no litoral norte de São Paulo, projeto do Instituto de Geociências (IGc/USP) instalará 12 painéis interpretativos em municípios da região até o final deste ano, com objetivo de divulgar sua história geológica. A iniciativa é mais uma etapa da organização de um Roteiro Geoturístico para a área, projeto do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Turismo (GeoHereditas), e é pioneira em articular em painéis, de modo unificado, a evolução geológica de uma porção do estado.

Foram nove pesquisas dedicadas a construir um inventário do patrimônio dos municípios do litoral norte: Ubatuba, Ilhabela, São Sebastião e Caraguatatuba. A partir daí, foi possível entender sua formação geológica e selecionar pontos que contassem essa história aos turistas, através de ações como a instalação dos painéis interpretativos.

Serão três placas em cada um dos quatro municípios. Segundo Maria da Glória Motta Garcia, coordenadora do projeto e professora do IGc, a escolha dos pontos de implantação levou em conta dois fatores: a importância geológica e o fluxo de pessoas.

O Ilhote do Camburizinho (São Sebastião), por exemplo, que fica separado do continente apenas por uma faixa de areia, possui grande relevância científica. Também tiveram prioridade locais muito frequentados, como as praias do Perequê (Ilhabela) e de Itamambuca (Ubatuba), além de centros de visitação no Parque Estadual Serra do Mar. “Esses parques têm muita visitação e os próprios monitores podem utilizar os painéis para dar explicações aos visitantes”, explicou a professora.

Produzindo os painéis

Cada painel deve contar uma parte da história geológica da região; o painel da Praia do Centro, em Caraguatatuba, sintetiza todo o contexto e indica os outros 11 pontos. Os eventos citados vão até mais de 600 milhões de anos atrás, com a formação do Supercontinente Gondwana, que reunia quase toda massa rochosa do hemisfério sul. Há 150 milhões de anos, o Supercontinente começou a se fragmentar, dando origem à costa brasileira.

Os painéis trazem ainda informações secundárias, como curiosidades, e indicações para o site do GeoHereditas, onde estará disponível também um conteúdo adicional.

Para apresentar todos esses assuntos, Maria da Glória conta que foi importante privilegiar o aspecto visual. “Trabalhamos com infográficos grandes e textos pequenos, para que realmente todo tipo de público possa entender”, defendeu ela. O desenhista Renato Nunes ficou responsável pelo design e pela criação de figuras ilustrativas.

As placas, feitas de alumínio e sustentadas por toras de madeira, foram pensadas em dois tamanhos: serão dez de 1,40m por 0,90m, e duas de 2,00m por 0,60m -- estas, mais longas, ficarão apoiadas horizontalmente, para valorizar a paisagem. As próximas etapas são a fabricação e a instalação, prevista para o segundo semestre deste ano, pela empresa Atual Painéis. O projeto está sendo financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Segundo a professora, cada placa tem custo de cerca de 2.300 reais.

Não há gastos para os municípios. As respectivas prefeituras e associações ajudaram a escolher os pontos de implantação e devem colaborar com a manutenção dos painéis.

Roteiros geoturísticos

O projeto conduzido no IGc é o primeiro a organizar painéis que contam a história geológica de uma região em São Paulo. No Brasil, eles ainda estão distribuídos de forma pontual, com algumas exceções que a professora destaca. “Caminhos Geológicos”, no Rio de Janeiro, é o projeto mais antigo: desde 2001 já instalou 92 placas ao longo de 28 municípios, de acordo com o coordenador Leonardo Pressi. A Mineropar tem ação semelhante no estado do Paraná. 

Quando começou o projeto na USP, em 2011, Maria da Glória buscava aproximar a geologia da população em geral, apostando em um plano geoturístico que fosse também sustentável. Desde então já foram realizados cursos de formação geológica básica para monitores. No momento, a professora está promovendo novos estudos no litoral sul de São Paulo. “A ideia é fazer isso no litoral todo. Aí vai depender de outra verba, é outro projeto”, torce.


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