ISSN 2359-5191

28/03/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 02 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Nova técnica detecta complicação do diabetes em cães

São Paulo (AUN - USP) - Uma técnica já utilizada nos Estados Unidos para o diagnóstico da cetoacidose diabética em seres humanos, a medição da concentração sérica do ß-hidroxibutirato (ß-HBA), também é um método acurado para detecção dessa complicação do diabetes em cães. Essa é a conclusão da dissertação de mestrado de Ricardo Duarte, do Departamento de Clínica Médica, intitulada "Avaliação da concentração sérica do ß-hidroxibutirato em cães com diabetes mellitus" e apresentada no dia 23 de março no Anfiteatro de Pós-Graduacão da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. O estudo teve orientação da Professora Márcia Mery Kogika e suporte financeiro da FAPESP.

O diabetes mellitus, uma das doenças endócrinas mais comuns em pequenos animais, tem como uma de suas complicações a cetoacidose diabética (CAD), uma emergência médica que provoca a morte em 30% a 40% dos cães afetados. O diagnóstico dessa complicação deve ser feito através de equipamentos caros, encontrados geralmente em instituições de ensino, e de forma rápida, o que torna impraticável sua realização nas clínicas veterinárias.

Segundo Ricardo Duarte, o método atualmente utilizado pelos veterinários - a medição de acetoacetato da urina através de tiras reagentes - tem uma série de deficiências como a falta de precisão e a possibilidade de resultados falso-positivos (certas drogas estão presentes no material colhido) e falso-negativos (exposição das tiras reagentes por tempo prolongado ou utilização de urina muito ácida).

A medição do ß-HBA, o corpo cetônico predominante na CAD, é feita através de amostras de sangue. Isso significa que o método é mais preciso, pois a concentracão final de corpos cetônicos (o elemento estudado, o acetocetato e a acetona) na urina é bem maior que a concentração no sangue. Além disso, já são fabricados aparelhos portáteis e de preço reduzido (cerca de 70 dólares) capazes de medir a concentração sérica do ß-HBA do sangue em segundos, o que possibilitaria o uso do método nas clínicas veterinárias.

Após submeter 116 cães diabéticos e 50 sadios a testes, Duarte concluiu que a avaliação da concentração do referido corpo cetônico no sangue dos animais é um método capaz de fornecer ao clínico subsídios para avaliação dos animais diabéticos. "Tivemos uma acurácia de 92% nos diagnósticos, o que é um percentual bastante elevado", conta.

O método é inovador na clínica veterinária, mas não é uma novidade na medicina humana. "A técnica já é utilizada em pessoas nos EUA, mas ainda não havia nenhum estudo que determinasse sua validade também em animais", diz Duarte . Segundo ele, a dissertação foi apenas o primeiro passo para a utilização do método. "Será necessário um estudo mais aprofundado, mas acredito que a avaliação da concentração de ß-HBA terá aplicação prática no diagnóstico dos cães com diabetes.", acrescenta.

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