ISSN 2359-5191

22/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 54 - Saúde - Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Criança com doença hepática corre risco de apresentar atrasos linguísticos
A doença hepática prejudica a linguagem. Foto: reprodução da Internet

Uma pesquisa realizada pela doutoranda da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Erica Macêdo, revelou que crianças que possuem doença hepática e não são submetidas ao transplante de fígado podem apresentar atrasos linguísticos. A doença hepática é a doença do fígado que não tem cura a curto prazo com medicação ou tratamento. Assim, o paciente fica exposto à doença por muito tempo e, muitas vezes, acaba tendo que se submeter ao transplante, tratamento indicado para casos mais graves.

Segundo a pesquisadora,  os efeitos dos medicamentos utilizados, as privações sociais acarretadas pela doença e seus  fatores clínicos podem causar os problemas no desenvolvimento linguístico de crianças nessa condição. O estudo de Erica é parte do programa de Ciências de Reabilitação da FMUSP e foi orientado pela professora Debora Befi-Lopes.

A pesquisa analisou 76 crianças com idades de 2 a 7 anos. Entre elas 31 ainda não haviam realizado o transplante de fígado e 45  já haviam feito a cirurgia. Foram selecionadas ainda 60 crianças que não possuíam doença hepática e com desenvolvimento linguístico normal, para compor o grupo de controle. Este serve para comparar os resultados das crianças  que têm ou já tiveram doença hepática aos das consideradas normais, permitindo saber se há ou não atraso na população estudada.  

Foram coletados dados socioeconômicos e clínicos. Para avaliar o desenvolvimento linguístico, foi aplicado o Test of Early Language Development (TELD - 3).  Tal questionário é formado por dois subtestes: o  chamado “linguagem receptiva” que conta com 37 itens, sendo 24 semânticos e  13 morfossintáticos e o de “linguagem expressiva”, composto de 39 itens, sendo 22 semânticos e 17 morfossintáticos. A pontuação dos subtestes, quando somada, fornecem a medida de Linguagem Falada, que é um eficiente indicador da habilidade geral da língua falada.

Os resultados mostraram que crianças na fila de espera do transplante tiveram resultados inferiores ao grupo transplantado e ao grupo de controle, com valores abaixo da média de acordo com o teste.  Ainda que no grupo pós transplante tenham sido notados resultados inferiores ao grupo controle, eles apresentaram pontuação de acordo com a média do teste.

A pesquisadora explica que o único fator de risco para o atraso linguístico para crianças na fila de espera do transplante é a idade: “Se considerarmos o desenvolvimento cerebral na infância e a aquisição linguística observada nos primeiros anos de vida, já se esperava que as crianças transplantadas mais tarde, ou seja, as crianças mais velhas, obtivessem pior desempenho na avaliação linguística.  As que ficam mais tempo na fila de espera da cirurgia permanecem com a doença hepática por mais tempo, são privadas muitas vezes do convívio social com outras crianças, não podem frequentar a escola por um  longo período, passam, muitas vezes, por repetidas internações e ainda necessitam de um tratamento medicamentoso” afirma a pesquisadora. Por esse motivo, Erica ressalta a importância de um transplante precoce.

Sobre o grupo transplantado, Erica diz que, como eles já não possuem mais a doença, o fator de risco é o mesmo da população geral, ou seja, o socioeconômico. “ O desenvolvimento linguístico sofre influência do meio em que a criança vive, uma vez que aspectos como, por exemplo, escolaridade (da criança e de sua mãe), vocabulário diversificado, acesso à livros e possibilidade de ouvir histórias, influenciam diretamente o desenvolvimento linguístico” explica a pesquisadora.

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