ISSN 2359-5191

29/06/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 59 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Análise de dados caracteriza tempo severo na Floresta Amazônica
Estudo de eventos com chuva forte e raios pode servir como referência para órgãos públicos

Utilizando dados meteorológicos do satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission), gerados e armazenados no banco de dados Precipitation Features pela Universidade de Utah, nos EUA, foi possível catalogar e analisar a incidência de eventos de tempo severo na região da Amazônia.

Responsável pelo estudo da climatologia específica da região em sua dissertação de mestrado, Ana Maria Pereira Nunes, do departamento de meteorologia do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), explica: “Saber como é o ciclo anual e diário dos eventos severos é importante tanto no sentido de enriquecer a literatura científica da região quanto para questões mais práticas, como auxiliar o setor operacional dos centros de previsão.”

Por meio de análise minuciosa de dados do satélite abrangendo o período de 1998 a 2012, como incidência de raios e precipitação, foi possível mapear um padrão de comportamento do tempo nas diferentes regiões da Floresta Amazônica, com foco específico sobre eventos considerados severos, ou seja, tempestades com pelo menos um registro de raio, assim como valores mínimos de certos parâmetros meteorológicos específicos, tal como o volume de chuva e o tamanho dos sistemas de tempestade.

Os dados gerados a partir do satélite TRMM, lançado em 1997 em missão conjunta entre as agências espaciais americana e japonesa (Nasa e Jaxa, respectivamente), representam um esforço de monitoramento e acompanhamento da Terra como sistema climático. Portanto, apesar de muito estudados por pesquisadores do mundo inteiro, ainda existe muito trabalho a ser realizado sobre eles. “O pioneirismo na minha pesquisa é justamente estudar especificamente como estes eventos considerados severos distribuem-se na região Amazônica. Daí o uso do termo climatologia específica”, explica Ana Maria.

Estudando a fundo o tempo amazônico

Ao todo, foram registrados 1.560 casos de tempo severo nos 14 anos abrangidos pelos dados disponíveis, concentrados em maior número durante a primavera e inverno e mais raros no verão e outono. Outubro foi o mês com mais registros de tempestades, enquanto fevereiro concentrou o menor número de casos de tempo severo.

Para a pesquisadora, um dos aspectos da climatologia local que chama a atenção é a alta taxa de raios associada aos sistemas severos. Em alguns casos, sistemas chegaram a até 276 raios por minuto – para meio de comparação, estudos anteriores classificam como extremo um evento em que a taxa de raios chegue a 47,2 por minuto.

Uma consequência adicional do trabalho da pesquisadora foi a descoberta de uma incidência de casos de tempo severo noturno na região de Rondônia e parte da Bolívia, o Sul da Amazônia ocidental. “O mecanismo de formação e alimentação, ciclo de vida e outras características destes casos noturnos devem ser objeto de estudo da minha pesquisa de doutorado”, ela conta.

O futuro da pesquisa na área

O satélite TRMM teve seu funcionamento encerrado em abril de 2015, quando sua órbita acelerou seu decaimento após o fim de seu combustível útil. Na terça-feira, 16 de junho, ele sofreu reentrada atmosférica e foi destruído, após quase 18 anos em órbita.

Prevendo o fim iminente do período útil do TRMM, a Nasa e a Jaxa lançaram mais uma vez uma missão em parceria, chamada GPM (Global Precipitation Measurement). Ela consiste de um satélite núcleo amparado por uma rede de satélites auxiliares, que, em constelação, providenciam cobertura terrestre total e permitem observação frequente da precipitação no planeta, coletando dados que possibilitarão a continuação de pesquisas sobre o tema.

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