ISSN 2359-5191

06/07/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 64 - Educação - Instituto de Biociências
Projeto Ecossistemas Costeiros propicia desenvolvimento de pesquisas e educação ambiental
Iniciativa baseia-se em modelos de educação transdiciplinar, a partir da abordagem de temas relevantes
Ilha Anchieta em Ubatuba

O que começou como uma mera optativa eletiva, oferecida para os alunos da Universidade de São Paulo, tornou-se um grande projeto de pesquisa e educação ambiental, coordenado pelo professor do Instituto de Biociências (IB) da USP, Flávio Augusto de Souza Berchez. O projeto extrapola as fronteiras da Universidade, engloba um sistema de formação de monitores, visitas monitoradas, atividades de apoio à escola pública e uma série de pesquisas.

Há 15  anos , quando o projeto ainda era apenas uma optativa, os alunos que se inscreviam no curso acompanhavam turistas em passeios pelo Parque Estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba. O objetivo era ensinar os alunos sobre educação ambiental e conscientizar os turistas.

Há dez  anos, o professor e coordenador do projeto, Flávio Berchez, decidiu ampliar a oferta de atividades do projeto ao dedicar-se à criação de modelos educacionais de auxílio às escolas públicas.E mais recentemente, há cerca de um ano e meio, Flávio se dedica à formulação de Protocolos com o objetivo de embasar os modelos educacionais desenvolvidos a partir do projeto.

O Projeto Ecossistemas Costeiros, atualmente, atua em três frentes, que dialogam entre si: formação de monitores, educação ambiental e pesquisa.

O Sistema de Formação de Monitores integra uma série de cursos destinados à certificação de monitores ambientais, habilitando-os como educadores nesses modelos. O treinamento possui diferentes níveis de especialização (monitor, coordenador de monitoria, instrutor e examinador), cada um deles objetiva preparar os profissionais para atuações progressivamente mais abrangentes. O sistema é aberto para os alunos da USP e pra toda a comunidade.

Voltado tanto para turistas quanto para alunos da rede pública de ensino o foco educacional do projeto está no desenvolvimento, aplicação e avaliação de modelos de educação formal, alternativa e ambiental utilizando como instrumento a prática de atividades em trilhas marinhas, terrestres ou virtuais.

No decorrer dos anos, uma série de modelos de educação ambiental foram desenvolvidos com base no projeto, entre eles a “Trilha dos Ecossistemas". Este, segundo o site do projeto, pretende ser um instrumento de apoio ao ensino tendo como princípios conceituais básicos (1) objetivos holísticos e transformadores, (2) transdiciplinaridade, (3) contextualização em relação a questões ambientais e sociais  e (4) interatividade e caráter lúdico.

O projeto é desenvolvido em estações com abordagens específicas distribuídas ao longo de trilhas no Ecossistema de Mata Atlântica, para um público acima de 12 anos em geral e alunos de Ensino Fundamental II e Médio. Dentro do grande tema "Ciclo do Carbono e Mudanças Climáticas Globais", são apresentadas noções de ciências, ecologia, biologia e química. Estas e as demais disciplinas apresentadas de forma integrada dentro do grande tema (educação física, história e língua portuguesa) são baseadas na proposta curricular para o ensino Fundamental II e Médio do Estado de São Paulo.

A transposição do conteúdo é feita em dois níveis: um para Ensino Fundamental e um segundo para Ensino Médio.

Modelos Transdiciplinares

A apresentação dessas disciplinas, de forma complementar ou mesmo substituindo o conteúdo dado em sala de aula, é feita em unidades de conservação (UCs), como o Parque Estadual da Ilha Anchieta. Uma parcela das unidades de conservação - em especial os parques federais, estaduais e municipais - tem o ensino como uma de suas atribuições, como o Parque de Ciências e Tecnologia da USP (CienTec). A parceria entre universidade, UCs e escolas públicas otimiza a atuação de todos. Como diretriz básica, o projeto propõe a seguinte divisão de tarefas:

1) Universidade de São Paulo (IB/USP e Parque CienTec da USP): desenvolvimento, aplicação e teste de modelos educacionais transdisciplinares baseados em temas específicos; preparação de monitores para sua aplicação,

2) Escolas: escolha dos modelos a serem aplicados; deslocamento até a entrada da unidade de conservação; indicação aos alunos dos materiais de estudo pré e pós atividade.

3) Unidades de conservação: recepção dos alunos durante o tempo da visita; quando houver interesse, fornecimento das condições para que haja o treinamento dos monitores da própria UC.

Ao longo dos anos, Flávio se convenceu de que o desenvolvimento eficiente de atividades de Educação Ambiental (EA) depende de um correto embasamento conceitual e de uma avaliação científica que indique eventuais adequações necessárias.

Dessa forma, o professor contatou colegas e incluiu o desenvolvimento de protocolos como uma das atividades do projeto. O objetivo é elaborar protocolos avançados em educação em campo, simultâneo à formação contínua de profissionais voltados para a sua aplicação através da monitoria. Paralelamente, o projeto promove a avaliação de resultados educacionais através de projetos de pesquisa. O processo pode ser resumido em trêsetapas:

Etapa 1 - (a) Desenvolvimento de modelo de educação ambiental, conceitualmente transdisciplinar, de caráter interativo e lúdico e contextualizando conhecimentos e experiências dentro da vivência do participante. (b) Redação de protocolo incluindo bases conceituais, formas de atuação, conteúdo a ser apresentado e técnicas a serem empregadas.

Etapa  2 - Treinamento continuado de recursos humanos, ligado a obtenção habilitações específicas segundo os níveis (a) Estagiário (Trainee), (b) Monitor, (c) Líder de Atividade, (c) Instrutor e (d) Examinador. Além desses níveis, é estabelecida a evolução transversal através das especialidades em (a) Ensino Fundamental I e (b) Ensino Fundamental II/Médio.

Etapa 3 - Avaliação através de projetos de pesquisa (iniciação científica, mestrado e doutorado) dos modelos e seus resultados.

Os modelos de atividade redigidos na forma de protocolos têm como principal objetivo ser um instrumento de apoio ao ensino tendo como princípios conceituais básicos (1) objetivos holísticos e transformadores, (2) transdisciplinaridade, (3) contextualização em relação a questões ambientais e sociais (4) interatividade e caráter lúdico. A aplicação ideal desses protocolos prevê a parceria entre uma escola pública e uma unidade de conservação próxima, que seria o local de atuação dos monitores formados pelo projeto.

Três temas transversais foram desenvolvidos inicialmente, dentro de um contexto comum denominado Trilha dos Ecossistemas. Os temas “Trilha dos Ecossistemas - Ciclo do Carbono e Mudanças Climáticas Globais” e “Trilha dos Ecossistemas - Posicionamento geográfico e Navegação”, têm sua ênfase em ganhos cognitivos, enquanto o terceiro, “Trilha dos Ecossistemas - Caminhada e Montanhismo”, a tem em ganhos afetivos e de habilidade. Embora cada um deles aborde muitas disciplinas, os focos principais são diferentes, sendo o primeiro voltado mais para biologia e a química; o segundo para física, matemática e geografia; e o terceiro para educação física.

O protocolo do Modelo "Trilha dos Ecossistemas - Ciclo do Carbono e Mudanças Climáticas Globais" já está em operação, concomitantemente ao Credenciamento de Monitores Ambientais nesse modelo. Ambos  estão sendo testados por projetos de pesquisa científica na área de educação. Os dois outros procolos já estão redigidos e deverão ser aplicados em breve.

As pesquisas na área de educação tem papel crucial no desenvolvimento do projeto à medida que respondem a essa pergunta: até que ponto o aluno que participa de alguma atividade promovida pelo projeto obtém algum ganho, seja afetivo, cognitivo ou hábil?

O coordenador do projeto, Flávio Berchez, destaca que “as atividades promovidas pelo projeto não devem ser encaradas como passeios recreativos, mas sim como atividades de ensino formal em espaços informais”. As visitas devem ser encaradas como uma aula e, para tanto, segundo a visão de Flávio, é importante que os professores preparem os alunos que irão participar das atividades promovidas pelo projeto, com o objetivo de otimizar os ganhos.

O Projeto Ecossistemas Costeiros é do Instituto de Biociências da USP e, portanto, a parceria com ele é gratuita.

Para mais informações, basta acessar o site: http://www.ib.usp.br/ecosteiros2/ 

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br