ISSN 2359-5191

25/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 82 - Meio Ambiente - Escola de Comunicações e Artes
Jornalismo ambiental pede concisão na internet
Temas ‘verdes’ em redes sociais não geram discussões saudáveis, mas tem poder de mobilização para causas específicas

Disseminação rápida e abrangente de notícias e a centralização de conteúdo variado são duas inovações trazidas pela dinâmica única do Facebook. A rede, fragmentada, não aceita conteúdo denso quando o assunto é meio ambiente. Porém, roubou o palco do debate das seções de comentários de blogs ‘verdes’ e sites jornalísticos, e passou a abrigar argumentos apaixonados e pouco reflexivos.                   

“A velocidade e capacidade de engajamento das redes sociais as tornam boas ferramentas para ações mais específicas”, afirma Vinícius Primiani, co-autor do artigo O papel do Facebook na divulgação de notícias relacionadas ao meio ambiente, publicado na Revista Extraprensa, mantida pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da USP (Celacc).“Um público interessado em meio ambiente pode estar disposto a responder a um chamado para protestos e participações em petições”.

A mobilização do público, porém, raramente traz alguma forma de enriquecimento do conteúdo. “Blogs ambientais, que têm um público mais direcionado, conseguem utilizar as redes sociais de forma mais eficiente, criando interação entre suas ferramentas e redes”, afirma o biólogo, que pesquisou a área de divulgação científica durante a realização de sua Iniciação Científica na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA). Já os grandes veículos, que delegam as questões verdes a editorias como “Ciência e Saúde”, não costumam manter suas páginas atualizadas em relação ao tema.

Primiani utilizou, para desenvolver o seu estudo, os conceitos de divulgação científica e comunicação científica, desenvolvidos por seu orientador, o professor André Chaves de Melo Silva, responsável pelas disciplinas Jornalismo Científico, Jornalismo em Agribusiness e Meio Ambiente no Brasil, História da Ciência, Jornalismo e Saúde: a Experiência Brasileira e Agências de Notícias. Divulgação é algo mais próximo do que se lê aqui mesmo, nessa matéria: o ponto de vista de um único cientista ou pesquisador sobre sua descoberta, sem a apresentação de visões antagônicas. Já a comunicação científica é mais ampla, busca várias opiniões e fontes de informações sobre determinada descoberta. Isso permite que o leitor, além de se simplesmente se informar, construa seu próprio ponto de vista sobre o assunto.

A divisão colabora na compreensão das redes sociais, já que a internet, apesar de facilitar o segundo método através de ferramentas como hiperlinks, da preferência ao primeiro pela concisão e simplicidade, mais adequados a seu caráter fragmentário. “É um meio em que a velocidade costuma ter mais valor do que a profundidade do conteúdo. Tudo depende no nível de interesse do seu público”.

Haveria necessidade de um jornalismo mais combativo e pedagógico na área, que é negligenciada. “Vemos o aumento das taxas de desmatamento, números assustadores de animais extintos, comparáveis a eventos globais de extinção em massa, mudanças climáticas cada vez mais palpáveis”, lembra Primiani. O jornalismo deveria ir além da informação e assumir o papel de conscientizador, alertando sobre os problemas que nos cercam.

Primiani aborda também outros aspectos da divulgação científica no meio virtual. Entre eles, as demissões em massa em veículos tradicionais, que, incapazes de se adaptar os avanços tecnológicos, perdem relevância frente a iniciativas menores. Essa tendência, firmada nos EUA, começa a tomar forma por aqui. Outro efeito colateral é uma alteração na dinâmica dos “furos” editoriais: com a abrangência atual da internet, a presença em congressos e o contato pessoal com a vanguarda científica não são mais, necessariamente, garantia de conteúdo exclusivo.

“Acho que jornalistas e especialistas são capazes de abordar as questões ambientais”, diz o entrevistado sobre cientistas que disputam espaço com os profissionais de comunicação formados. “Entretanto, os especialistas precisam adquirir essa capacidade de comunicar por contra própria, já que suas respectivas faculdades não têm a preocupação de desenvolver isso em seus alunos”.

Para ler o artigo completo, que conta com entrevistas de profissionais relevantes no cenário ambiental brasileiro, acesse a Revista Extraprensa, no Portal de Revistas da USP.

 

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