ISSN 2359-5191

25/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 82 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
Estudo aponta mudanças na política monetária internacional
Sistema monetário internacional apresenta mudanças normativas alinhadas à ascensão das economias emergentes, mas cooperação monetária continua baixa
Fonte: Reuters

O sistema monetário internacional, desde o fim da Segunda Grande Guerra, tem os Estados Unidos como líder e o dólar como a principal moeda de reserva. “Alguns especialistas acham necessário a existência de um líder para fornecer as peças-chave do sistema monetário internacional, como liquidez, confiança e ajustes” explica Alec Lee, mestre no Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI). Mas hoje novas limitações do poder monetário norte-americano em efetuar os ajustes necessários para garantir o contínuo crescimento econômico global fez com que os países em desenvolvimento buscassem maneiras de se livrar das restrições desse sistema. O resultado dessa busca foi a criação de uma moeda nova (o Euro), a acumulação de grandes reservas internacionais pelos países emergentes e a criação de novas instituições monetárias paralelas às do sistema Bretton Woods.

Um dos principais desafios que as economias emergentes enfrentam é a falta de autonomia monetária, o que limita a aplicação da política monetária para fins domésticos. Em seu mestrado, Lee pesquisou se os países não-emissores de moedas de reserva, com foco no Brasil, conseguem efetuar poder no sistema monetário ao forçar outros países a ajustar a política deles através de mudanças nas normas sociais do regime. Um dos eventos que Lee destacou como vitorioso para as economias emergentes foi o banco central norte-americano (Fed) julgar necessário defender o quão apropriado o seu programa de flexibilização quantitativa frente às reclamações provenientes de um grupo de países emergentes. Essa ação demonstrou reconhecimento por parte dos Estados Unidos da necessidade em atualizar sua política ao contexto dessa nova norma.

Futuro das relações monetárias

O despontamento das economias emergentes e a diminuição relativa do crescimento da economia dos Estados Unidos na economia global apontam para um futuro no qual será cada vez mais difícil depender do dólar como a principal moeda de reserva. “É improvável que qualquer outro país seja capaz de cumprir o papel do país hegemônico monetário. Ao invés disso, é muito mais provável que caminhemos em direção a um sistema de reserva de moedas múltiplas, com maior participação igualitária”, explica Lee.

Sem nenhum país que assegure as necessidades básicas para o bom funcionamento do sistema monetário internacional (liquidez,confiança e ajustes), a questão-chave é como a comunidade internacional vai lidar com a situação para evitar o desarranjo  do sistema econômico internacional, como foi o caso do período entre guerras. “Hoje nós temos um sistema econômico internacional desequilibrado em termos de comércio e fluxos de capital, o qual dificulta a contínua expansão econômica em todos os países além de ameaçar a estabilidade financeira internacional”.

O Brasil

Devido à sua posição estrutural no sistema, o Estado brasileiro é forçado a ajustar suas políticas macroeconômicas a mudanças em fatores externos. O país, porém, obteve certa autonomia nas últimas duas décadas por meio da acumulação de reservas internacionais, o uso de controle de capitais e, mais recentemente, o uso de swaps em reserva cambial. Mas a capacidade do Brasil em influenciar as ações de outros países nesse regime continua, segundo Lee, “fraca, se não inexistente”.

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