ISSN 2359-5191

18/11/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 112 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Expansão urbana periférica acarretou alterações na identidade nacional e na arquitetura moderna brasileira
Pesquisa relaciona as transformações do modernismo brasileiro em arquitetura na passagem do ciclo nacional desenvolvimentista para o subdesenvolvimento
Foto: Cristiano Mascaro

A arquitetura moderna teve diferentes vertentes e sofreu grandes transformações, desde a sua origem nos anos 1930 até o período da redemocratização, na década de 1980. Segundo a pesquisadora Ana Paula Koury, o processo de industrialização brasileiro não foi homogêneo e nem contínuo e o mesmo pode ser dito sobre a arquitetura moderna brasileira. “Era um campo em disputa onde vários arquitetos propuseram ‘formas icônicas’ para o desenvolvimento da sociedade brasileira através de uma estrutura espacial-arquitetônica”, explica ela.

A pesquisadora realiza seu pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e busca, entre outros pontos, entender as transformações da relação entre arquitetura, cidade e técnica nos anos 30 para os anos 80, e como o sentido de identidade nacional se transformou significativamente nesse período.

Uma das transformações importantes resultantes da industrialização foi a conversão da sociedade rural para a sociedade urbana e com isso o deslocamento da identidade nacional. Nos anos 30, o sentido de “brasilidade” estava na herança colonial do Brasil rural, na miscigenação e na relação do campo com a modernização urbana. Isso assume um novo significado a partir de meados dos anos 60, quando a periferia começa a ser produzida de modo mais intenso. “A periferia se expande enormemente e recolhe esse saber que estava na origem rural, trazendo para a borda das grandes cidades”, explica ela.

O resultado dessa expansão é uma nova convivência entre culturas e uma tentativa de explicar o Brasil sob uma nova ótica periférica: “A partir daí nasce o estudo de antropologia urbana, não só com um sentido político econômico, mas também com o sentido cultural de tentar reinterpretar o Brasil a partir dessas periferias”, explica Ana Paula. Junto a isso, é necessário ressaltar também a crise do ciclo desenvolvimentista, promovida pelo golpe militar em 1964, que pôs em ameaça uma determinada aposta do projeto moderno brasileiro na modernização produtiva da arquitetura e da cidade. Assim, o sonho de uma civilização democrática, industrial e autônoma foi se esmaecendo frente à realidade histórica do subdesenvolvimento, à concentração de renda e à expansão periférica informal.

Um dos temas abordados pela pesquisadora é a história da habitação. O deslocamento para as cidades teve como principal consequência o aumento da demanda por moradia urbana. Por isso, desde os anos 30 foram construídos pelo Estado conjuntos habitacionais partindo das propostas modernistas. Sobre o tema, Ana Paula Koury e o pesquisador Nabil Bonduki organizaram a coleção Os pioneiros da habitação social, composta de três volumes que fazem um panorama da promoção pública de habitação social realizada durante o período de 1930 a 1964 em todo o país. “Eu participei desse inventário por 14 anos, e este é o levantamento mais completo que se tem em termos de conjuntos habitacionais produzidos pelo Estado desde a Era Vargas até a criação do Banco Nacional de Habitação”, conclui a pesquisadora.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br