ISSN 2359-5191

28/03/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 02 - Meio Ambiente - Centro Nacional de Referência em Biomassa
Óleo vegetal em motor a diesel diminui poluição

São Paulo (AUN - USP) - O uso em automóveis de óleos vegetais adicionados ao diesel é uma alternativa para reduzir a poluição atmosférica e seus efeitos avassaladores. A grande vantagem técnica dessa mistura é que não há necessidade de alteração nas estruturas do motor. A redução da emissão de gases poluentes proposta pelo protocolo de Kyoto também é um incentivo ao uso dessa alternativa. O aquecimento global (ou efeito estufa) e as chuvas ácidas são alguns dos impactos ambientais relacionados aos gases emitidos pela queima de combustíveis fósseis como o diesel.

Nas três últimas décadas, foram realizados inúmeros testes em todos os continentes que comprovam a viabilidade dessa técnica. Países como França, Alemanha, Áustria, Espanha e Estados Unidos já utilizam o biodiesel (nome dado à mistura) em grande escala.

Antes de serem misturados ao diesel, os óleos passam por um processo químico que modifica a estrutura molecular do óleo vegetal (a transesterificação), tornando-a parecida à do óleo diesel, com propriedades físico-químicas bastante próximas. Na presença de um catalisador (substância que agilizará a reação) ácido ou básico, o óleo reage com um álcool (metanol ou etanol). Resultado: éster metílico ou etílico, que serão misturados ao diesel, e glicerina. Esta última pode ser usada na produção de celofane, adesivos, tintas, produtos têxteis, fotográficos, farmacêuticos.

Segundo dados do Balanço Energético Nacional (BEM), 15% do total de óleo diesel é importado no Brasil. Além dos resultados ambientais, a complementação dos óleos vegetais como combustíveis diminuiria essa dependência externa. Orlando C. da Silva, pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), acrescenta "esta solução não só corresponde aos anseios dos produtores agrícolas e das indústrias de soja, como forma de utilizar o excedente de óleo de soja, como valoriza as diversas espécies oleaginosas no país".

Vantagens não faltam para a difusão da técnica no Brasil. O país tem grande potencial para a produção deste energético. A Amazônia é um exemplo: a abundância de oleaginosas somada à dependência de diesel formam um cenário propício ao aproveitamento desses recursos naturais locais. "Utilizando recurso natural e mão-de-obra locais, as comunidades da região assumiriam caráter sustentável ao suprimento energético", enfatiza o pesquisador Orlando. E continua "falta divulgação, falta incentivo e apoio governamental. É importante a definição de uma política de incentivo a estudos e testes...E essa definição política deve abranger também formas de estímulo a empreendimentos privados".

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