ISSN 2359-5191

02/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 121 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Estudo amplia conhecimento sobre a flora da restinga brasileira
Pesquisadores avaliam plantas da ilha do Cardoso em busca da preservação da vegetação
Vegetação de restinga/ Foto: Juliana Vendrami

A ilha do Cardoso, localizado na região sul do estado de São Paulo, é uma área que ainda conserva uma das vegetações mais específicas do país: a restinga. De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), entende-se por restinga a vegetação de “conjunto de comunidades vegetais, associado aos depósitos arenosos costeiros recentes (quaternário) e aos ambientes rochosos litorâneos. Também consideradas comunidades edáficas – por dependerem mais da natureza do solo do que do clima, encontradas nos ambientes de praias, cordões arenosos, dunas, depressões e transições para ambientes adjacentes, podendo apresentar, de acordo com a fitofisionomia predominante, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado.” Esse “conjunto de comunidades” é responsável pela fixação de dunas e estabilização de manguezais próximas a ela.

Por ser umavegetaçãotão específica (que depende de um específico solo e clima), é necessária estudá-la para preservar a flora e fauna desta área.

Juliana Vendrami faz parte de um grupo do Instituto de Biociências da USP que estuda e busca a preservação da restinga na ilha do Cardoso. Em sua dissertação de mestrado, Juliana analisou a diversidade da flora na ilha a partir de três conceitos: filtro ambiental, limitação de similaridade e variação fenotípica.

O filtro ambiental são os fatores abióticos que determinam algumas modificações realizadas pelas plantas. O solo não ideal, o clima, temperatura, menor umidade (que não é adequado para germinação e crescimento da planta) são exemplos do que compõe o filtro ambiental. No caso da restinga, o solo arenoso é um dos principais filtros ambientais da área. O solo da área é arenoso, e por isso os nutrientes e a água não conseguem se fixar lá. Juliana explica que no caso da ilha, ainda há a questão de que o solo alaga periodicamente. “Por estarem em neste solo, as raízes não conseguem captar o oxigênio. E por isso elas acabam passando por um processo anaeróbico, e consequentemente a quantidade de energia gerada é bem menor”, completa.

A limitação de similaridade é basicamente a competição indireta ou direta da flora no mesmo ambiente. Essa competição por nutrientes e água, por exemplo, também é a causa da alteração das plantas. A raiz de uma planta é maior que a de outra espécie, por exemplo. A análise de quão similares são os indivíduos é o que se chama limitação de similaridade. Para determinar tão limitação, a bióloga analisou os atributos foliares e a parte seca das plantas (o caule, por exemplo).

Após meses de análise, foi possível avaliar que para as plantas que tinham maior variação na sua morfologia e em suas condições fisiológicas, havia melhor adaptação aos solos. Ou seja, era indiferente para esses indivíduos estarem em solo arenoso ou solo alagado.

O estudo também concluiu que a limitação de similaridade tinha grande influência nas espécies nas áreas alagadas. Além disso, na parte do deste solo, a limitação influenciava o desenvolvimento dos caules das plantas.

A influência do ambiente influenciou também o fenótipo das espécies. Juliana afirma que comparando as espécies nas áreas alagadas e nas áreas arenosas, foi possível perceber a diferença fenotípica das plantas. Para ela, essa variação é prova da influência do filtro ambiental e da limitação nas plantas. Além disso, são as variações que podem determinar a classificação das espécies na ilha. “Essa variação é importante para determinar as comunidades”, complementa a bióloga.

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