ISSN 2359-5191

03/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 122 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Pesquisa relaciona psicanálise e discursos sobre imigrantes
Imigrantes haitianos no Brasil / Fonte: Sérgio Vale/Secom

Os discursos sobre a imigração no Brasil foram tema de uma pesquisa realizada no Instituto de Psicologia da USP. Os estudos, realizados pela pesquisadora Ilana Mountian, consistiram em examinar a posição ocupada pelo imigrante nesses discursos destacando principalmente a questão de gênero, mas também com intersecções de classe e raça.

A pesquisa, de acordo com a autora, possuía dois objetivos principais. Primeiro, mapear como a concepção do “outro” aparece no discurso, utilizando conceitos da psicanálise e de estudos feministas e pós-coloniais. O segundo objetivo “foi buscar entender como os imigrantes, principalmente novos imigrantes, refugiados e requerentes de refúgio, são vistos, falados, quais são os discursos em volta deles”, conta Ilana.

Ao unir esses dois aspectos, a pesquisadora observa como o imigrante é colocado como outro nos discursos recorrentes, muitas vezes aparecendo como um outro fetichizado. Frequentemente o imigrante é visto apenas como vítima, ameaça, ou um ser exótico; ou então tem suas diferenças anuladas.

Em artigo publicado na revista Psicologia USP, a autora desenvolveu uma análise crítica desses discursos, partindo de alguns fragmentos de casos que serviram para ilustrar a importância de se considerar as dinâmicas de poder ao estudar a imigração. O artigo buscou, ainda, levantar pontos críticos para intervenções e políticas públicas para atender às necessidades da população imigrante e evitar a reprodução de desigualdades sociais.

“Um dos pontos principais”, ressalta a pesquisadora, “é que não existe o imigrante isoladamente. É o imigrante no encontro com o país que o hospeda”. Assim, segundo ela, é necessário analisar essa relação, o que inclui também os serviços de atendimento ao imigrante. Um dos exemplos destacados foi o dos serviços de saúde, em que os profissionais devem considerar elementos culturais e o processo imigratório, tomando cuidado para não patologizar rapidamente os imigrantes; afinal, o que é considerado como patologia individual pode ser efeito da vulnerabilidade trazida pela situação.

Também foram enfatizados os aspectos das intersecções em relação ao país de origem do imigrante.  “Tem pessoas que imigraram justamente por causa de conflitos raciais, e muitas delas chegam aqui e vivem situações de violência racista”, Ilana aponta, “Tem pessoas que se tornaram refugiados por causa da perseguição nos seus países de origem por serem homossexuais. Tudo isso tem que ser considerado”.

O artigo completo pode ser acessado no Portal de Revistas da USP.

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