ISSN 2359-5191

27/11/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 118 - Arte e Cultura - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Professora da USP aponta falta de incentivo à cultura africana na universidade
Para Rita Chaves, ausência de estímulo ao ensino de cultura e história da África contribui para falta de preparo de professores nas escolas
Foto: Reprodução/Dreamstime

A Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, já completa 12 anos. Apesar da lei ter sido uma conquista importante, não contemplar as universidades é uma de suas principais fragilidades, segundo a professora Rita Chaves.

Para Rita, que é um dos grandes nomes do ensino de literatura africana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), há um “descompasso” entre a vontade expressa por essa lei e a vontade política das instituições de torná-la viável.

Isso porque, ela explica, se nas universidades o ensino da literatura e história africanas não são estimulados, forma-se professores inaptos a ensinar a cultura do continente nas escolas. “Se eu não preparo os alunos, que serão professores, sobre o continente africano, evidentemente esse ensino vai continuar deficitário”, critica.

De acordo com a professora, a visão exotizada e caricata do continente ainda permanece e causa um sentimento de falta de proximidade nos alunos, dificultando o ensino. Segundo Nazir Ahmed Can, que também se dedica ao ensino da literatura africana na USP, é preciso desmistificar a visão hegemônica sobre a África e a própria historiografia, que ainda minoriza ou esquece o país.

Segundo os professores, uma melhora no ensino de história e cultura africana no Brasil só seria possível com uma política externa que aproximasse os dois países, além do estímulo ao ensino sobre a África nas universidades. Enfatizaram, também, a importância do combate ao racismo em nossa sociedade, que para eles ainda é, indiscutivelmente, racista.

Rita destaca a importância da Lei e de trabalhos como os do Centro de Estudos Africanos, da USP, que atuam para mudar essa realidade, mas pondera que há um longo caminho pela frente. “Será um processo lento. O fato da obrigatoriedade ter sido contemplada por uma lei abre novos caminhos. São longos e pedregosos, mas nós vamos conseguir”, diz.

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