ISSN 2359-5191

29/01/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 4 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Mudanças na construção de edifícios de escritório podem diminuir uso do ar-condicionado
Redução na área espelhada e aumento na espessura das paredes são algumas das indicações
Imagens USP

Pesquisa feita na Escola Politécnica propõe mudanças nos paradigmas para construção e organização de prédios de escritório a propósito de diminuir o uso do ar-condicionado. Entre as medidas estão a diminuição de área envidraçada na fachada, o aumento da espessura nas paredes, a aplicação de métodos de sombreamento e outras sugestões como ventilação seletiva. Segundo a pesquisa de Adriana Camargo de Brito, que se baseia nos conceitos de inércia térmica, se seguidas as indicações, é possível utilizar apenas em 15% o que se utiliza hoje de ar-condicionado nas empresas de cidades como São Paulo.

Atualmente, a climatização maquinária de ambientes tem sido quase que uma obrigatoriedade para os escritórios. Com a intenção de manter a temperatura ambiente sempre em torno dos 22° a 25°, é praticado um grande consumo de energia para a manutenção desse tipo de condição. Isso acontece por causa da falta de inércia térmica presente nos prédios atuais. Geralmente, a maioria deles é contruída, hoje, com materiais muito leves, como gesso acartonado, o que acaba por deixá-los com, praticamente, a mesma temperatura exterior.

“Um edifício concebido para ter uma maior inércia térmica vai ter uma diferença maior da temperatura máxima do ar interior em relação a do exterior, sendo a primeira bem menor. Quanto maior for a inércia térmica, mais isso vai acontecer”, conta Adriana. Ou seja, em uma cidade como São Paulo, cuja temperatura máxima, em um ano típico, pode chegar aos 32º, conseguiria manter-se uma temperatura interna, em um edifício de espessura maior, de 28º.

Além disso, a utilização de uma fachada com quase 100% de envidraçamento prejudica inteiramente a inércia téremica do edifício, anulando-a quase que por completo. Isso porque a radiação acaba entrando no ambiente e não escapando mais. Para consertar isso, Adriana indica o pouco uso de vidros em fachadas e a maior distribuição de componentes que consigam produzir sombras no prédio e protegê-lo da radiação solar, como brises, sacadas e terraços. Além disso, é necessário uma ventilação constante, já que dentro desses escritórios encontra-se um maquinário que produz muito calor. Diferente das janelas dos escritórios atuais, seria preciso que elas permitissem abertura e que ficassem dessa forma uma boa parte do dia. Adriana também aponta que diminuir o tamanho dos escritórios é uma boa indicação para aumentar a inércia térmica dos mesmo. Em vez de construir uma sala grande e enchê-la de mesas, o melhor seria projetar salas menores, de até 120 m² com paredes espessas.

O que a pesquisadora alerta, porém, é que é necessário uma quebra de paradigmas quanto ao que se está acostumado como conforto nesses ambientes. Em vez de considerar 25º como temperatura normal, será preciso aumentar essa referência para um pouco mais, algo em torno, para que as medidas que ela indica realmente influenciem na diminuição de uso do ar-condicionado. Como ela mesma afirma, essa ainda é considerada a faixa de conforto e, se as pessoas usarem roupas mais leves e se proporem a aceitar esse parâmetro, é possível promover grande economia de energia. Segunda ela, a utilização do ar-condicionado pode acontecer em alguns momentos do ano, porém a temperatura ajustada no aparelho também deve ser um pouco mais alta, em torno de 25º, por exemplo.

Adriana afirma que muitas das construtoras não pretendem abandonar o uso de materiais leves na construção de edifícios. Ela conta que umas das propostas de continuidade do trabalho dela e que precisa de mais pesquisa é a utilização dos chamados “materias de mudança de fase” que tem estruturas bem menores do que o normal e, com espessuras bem mais finas, conseguem ter um desempenho térmico mais parecido com os componentes que tem uma espessura maior.

Como ela mesma afirma, a proposta do trabalho dela é propor uma mudança de paradigmas na forma de construir e projetar edifícios em cidades com o clima parecido com São Paulo. Para Adriana, em um momento de escassez de energia como o nosso, é preciso pensar em novas formas de economizar:  “Temos que entender que estamos em um país tropical, então não adianta ficar copiando a arquitetura de fora, temos que mudar um pouco. Ainda mais no contexto atual. Não adianta querer ter o máximo conforto possível o tempo todo, se não teremos energia para manter o ar-condicionado ligado”.


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