ISSN 2359-5191

29/01/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 4 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Sistema com duas estrelas é descoberto por pesquisadores do IAG-USP

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo conseguiu observar um sistema estelar binário (composto por duas estrelas que orbitam ao redor de um único centro de massa) extremamente raro. Sistemas desse tipo já são naturalmente muito excepcionais; o sistema em questão, localizado na Grande Nuvem de Magalhães a cento e sessenta mil anos-luz da Terra, é o maior já encontrado, cada uma das estrelas alcançando quase trinta massas solares.

            De acordo com o pós-doutorando Leonardo Andrade de Almeida, autor principal do artigo que divulga a descoberta, os dois objetos já estão quase dentro um do outro, compartilhando trinta por cento de sua massa. As estrelas ainda estão na fase inicial de sua vida, e a principal vantagem da descoberta do sistema será poder observá-lo e entender como ele se comportará, uma vez que até o momento esse tipo de cenário foi avaliado apenas em teoria, e ainda assim com pouca literatura sobre o assunto.

A própria descoberta já trouxe algumas informações interessantes para o mundo da pesquisa em astronomia: o sistema parece ser extremamente quente e bastante compacto, e pela teoria clássica da evolução das estrelas deveria ser um pouco maior e mais frio; a teoria classicamente aceita fica, portanto, posta em cheque. Desde fins da década de 1980 começaram a surgir, timidamente, teorias alternativas de evolução estelar, que propõe que a velocidade de rotação dos objetos de grande massa tem influência sobre o modo como eles se desenvolvem. O sistema estelar binário descoberto, por exemplo, tem período bastante curto, ou seja, alta velocidade de rotação. “A descoberta é um forte indício a favor dessas novas teorias de evolução estelar”, afirma Leonardo.

Essas perguntas serão respondidas conforme se desenvolva a evolução do sistema em questão, ao longo dos próximos milhares de anos. Caso a evolução ocorra conforme preveem as teorias clássicas de evolução estelar, os dois objetos se fundirão em uma única estrela, com o dobro do tamanho de cada uma. Mais no futuro, chegando ao fim de sua existência, culminará em uma explosão de raios gama, o fenômeno mais luminoso que se conhece no universo.

Se, por outro lado, as teorias alternativas estiverem corretas, ocorrerá um enriquecimento interno da estrela – o objeto se manterá compacto e separado em duas estrelas, que eventualmente se tornarão duas supernovas. Chegando ao fim de sua vida estelar, em razão da faixa de massa em que se encontram, as explosões dos objetos formarão um sistema binário de buracos negros, que eventualmente se fundirão. Caso seja possível observar esse fenômeno, a comprovação das teorias alternativas de evolução estelar não seria a única significativa: a emissão de ondas gravitacionais por esse buraco negro seria mensurável da Terra, possibilitando a certeza do último ponto não provado da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

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