ISSN 2359-5191

19/02/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 16 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Análise de produção leiteira sustentável auxilia produtor
Ele pode se beneficiar dos dados para se inserir na área da sustentabilidade na produção de leite, que está associada a um bom desempenho econômico
Foto: Wiki Commons

O pesquisador Daniel Bedoya realizou para sua dissertação de mestrado na FEA uma análise da sustentabilidade de fazendas de leite em Minas Gerais. Para realizar o estudo, selecionou um autor europeu que tinha uma metodologia que poderia ser aplicada no Brasil. "Ele usa análise de ciclo de vida para os indicadores ambientais, e outros dois direcionamentos para os indicadores econômicos e sociais. Uma vez que os indicadores foram apresentados, cruzamos com os dados daqui, para ver o que conseguimos fazer igual a eles", explica.

De todos os indicadores calculados no caso europeu, quase todos conseguiram ser replicados no Brasil, exceto os indicadores sociais: nenhum deles era possível. O primeiro era focado em penalidades para a produção de leite, o que é bem comum na Europa. Isso quer dizer que, se qualquer coisa acontecer com o leite, o produtor paga uma multa, coisa que não acontece por aqui. O segundo diz a respeito de um subsídio governamental, que analisa as produções que possuem área de mata nativa. O terceiro e último, traz a questão do bem-estar animal, que envolve, por exemplo, quanto tempo ele fica no pasto

Com os dados, Daniel conseguiu identificar diferenças entre as fazendas, criando três grupos a partir do desempenho da sustentabilidade. Os grupos eram divididos em bom desempenho, desempenho médio e inferior. "Vimos alguns indicadores que eram significativos nessa diferença. As fazendas com maior nível de sustentabilidade também tinham melhor desempenho econômico".

Ele afirma que o trabalho é muito focado na prática, e que o Brasil nunca teve um estudo tão aprofundado em análise de sustentabilidade de leite. Com os grupos criados, é possível que o produtor consiga localizar, como uma espécie de régua da sustentabilidade. Entre os fatores estruturais que podem influenciar nesse quesito, Daniel cita tamanho de área, nível de produtividade, compra de insumo e engajamento de mão de obra familiar. Neste último fator, é possível perceber que fazendas que usam mais mão de obra familiar são mais sustentáveis. Mas isso não quer dizer que eles sejam necessariamente pequenas produções, apenas que tenham membros da família envolvidos.

Os resultados também permitiram delinear diferenças nas análises de sustentabilidade no Brasil e Europa. A questão da mata nativa, por exemplo, é um tema pouco tratado por lá, porque essas áreas preservadas quase não existem mais. Por aqui, ainda tem grande importância. "O trabalho pode ser base para criação de uma metodologia específica para o Brasil. Além disso, o governo pode usar os dados como base para moldar campanhas de financiamento, direcionar melhor esse dinheiro".

A proposta do trabalho era simplificar o assunto que é sempre tratado com muita complexidade. O pesquisador espera que a dissertação consiga trazer uma metodologia padronizada para o Brasil. Ele mesmo usou como base um autor internacional, e diz que, muitas vezes, as análises podem não condizer com a realidade brasileira. "Eles [os autores internacionais] deixam de lado muitas características que seriam importantes para o nosso país, e, por isso, os resultados podem sair deturpados.

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