ISSN 2359-5191

03/03/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 25 - Economia e Política - Escola Politécnica
Reestruturação em departamento de projetos de empresas construtoras pode trazer benefícios no fluxo de informações
Pesquisa indica guia e modelo para melhor aplicação do conceito de modelagem da infromação dentro da organização
Foto: Commons Wikimedia

Pesquisadora da Escola Politécnica propõe restruturação do processo de projeto para a aplicação de conceito de modelagem de informação para empresas incorporadoras e construtoras. Flávia Souza orienta destacar mais as responsabilidades do gestor de projetos assim como reestruturar o departamento como um todo. Essas seriam as chaves para melhorar o fluxo de informações dentro da empresa e promover um maior sucesso do projeto, visualizando a modelagem de informação não como um mero processo operacional, mas sim como estratégia.

O conceito de modelagem de informação possibilita a estruturação mais eficiente do processo de projetos e está pautado nos seguintes pilares. O primeiro deles é a interoperalidade entre funções, que visa construir ferramentas capazes de dialogar entre diferentes funcionalidades. O segundo é a parametrização, que determina que objetos inteligentes capazes de alocar vários tipos de propriedades diferentes constituam os modelos de informação. Já o terceiro é a colaboração, que pressupõe que para o bom funcionamento do projeto é preciso que os agentes cooperem entre si.

Quando utiliza-se o conceito, é possível criar modelos inteligentes de informação dos projetos de edifício capazes de simular utilização de energia, capacidade acústica, orçamentos, entre outros. Porém, como diz Flávia: “Só consigo estruturar a modelagem de informações para o processo se o projeto foi feito para esse fim.” De acordo com a pesquisadora, em vez de enxergar o processo como simples operação sistemática, ele deve ser encarado como estratégia. Para isso, é preciso adaptar e reestruturar o modelo de desenvolvimento de produtos dentro da empresa construtora e projetista para poder empregar as potencialidades do conceito.

Com essa finalidade, Flávia definiu um guia para indicar as responsabilidades que o gestor de projetos deve ter para poder trabalhar bem com o conceito de modelagem dentro da empresa. Além disso, desenvolveu também o processo de reestruturação pelo qual a organização deve passar. Ambas instruções foram criadas a partir de dois métodos de pesquisa: grupos de foco, onde Flávia se reuniu com diversos profissionais da área para poder estabelecer o guia para o gestor de projetos, e três estudos de caso, pelos quais a pesquisadora pode identificar os reais problemas sobre a gestão do processo de projeto nas empresas incorporadoras e construtoras.

“O gestor deve ser encarado como facilitador do fluxo de informações entre os projetistas e os demais participantes do processo, e não mero compatibilizador de projetos” segundo Flávia. O guia proposto por ela na tese explica as responsabilidades indicadas a ele em cada fase do sistema projetista, e também as separa em quatro grandes grupos. Existe a parte de gestão de produtos, que engloba a organização de todas as informações necessárias para a produção e realização do edifício. Após isso, vem o conceito de colaboração, que indica o papel de facilitador e possibilitador da comunicação, além da gestão do conhecimento entre os envolvido. Há também a própria coordenação do processo de projeto, que indica o dever de avaliar os valores e qualidades presentes dentro dele. E por fim, a parte de suporte e modelagem, que coloca o gestor junto dos profissionais de Tecnologia da Informação (TI) para a definição das ferramentas a serem utilizadas no processo de modelagem de informação.

A pesquisadora propõe um segundo produto de diretrizes, que seria um modelo de reestruturação do departamento de projetos da empresa visando à melhor aplicação do guia elaborado por ela. Para isso, Flávia indica os quatro processos principais que a empresa que deseja passar pela reestruturação precisa levar em consideração em suas mudanças. Ela mesma pontua que nunca afirma exatamente o que fazer, já que a empresa precisa avaliar o que melhor se aplicaria a ela para que o progresso seja efetivo. Ela também ressalta que, apesar das considerações se concentrarem no departamento de projetos, a transformação deve ser interdepartamental, e até mesmo interorganizacional, já que as alterações estruturais acabam por interferir em trabalhos de outros grupos, incluindo alguns fora da empresa.

As quatro áreas que ela denota para se levar em conta nas modificações são: no processo de pessoas, revisando as competências do gestor de projetos; no processo da tecnologia, com foco para a implementação do conceito de modelagem da informação; no próprio processo de projetos, as quais as indicações já se encontram no guia ao gestor; e por fim, no processo de gestão do conhecimento, que ressalta a importância do gestor de projetos em ocupar o papel de facilitador e disseminador do conhecimento.

Flávia também destaca que a reestruturação é desenvolvida em quatro fases, basicamente. A primeira é a fase da tomada de decisão, onde o diagnóstico dos problemas dentro do processamento dos projetos da empresa é feito. A segunda é aquela destinada ao planejamento, que determina de forma exata o investimento requerido, o tempo e quantidade de pessoas necessária etc. Após essas duas fases, é preciso operacionalizar aquilo que foi planejado, formando a terceira etapa da reestruturação. Já o quarto momento é observar os resultados trazidos pelas mudanças feitas. Em função dos resultados apresentados, talvez a empresa queira continuar com o processo de mudança. Ou então, ela também pode perceber que aquilo que ela esperava não foi alcançado e escolher por retornar a uma das fases. “O plano não é estático, ele tem idas e vindas”, diz Flávia. Dessa maneira, é possível adaptar e corrigir o que for preciso para que as mudanças sejam efetivas.


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