ISSN 2359-5191

22/02/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 17 - Meio Ambiente - Instituto de Eletrotécnica e Energia
Diálogo entre economia ecológica e marxismo pode qualificar conceito de desenvolvimento sustentável
Economia do meio ambiente, que é dividida em duas principais correntes, ambiental e ecológica, tem a ganhar com método e análise materialista dialética
lustração de Karl Marx com barba de grama / Reprodução: ecossocialismooubarbarie.wordpress.com

Em todo debate de desenvolvimento sustentável, a expressão mais ouvida, ao tratar da mudança de paradigmas econômicos, é economia verde. No entanto, segundo Naira Juliani Teixeira, pesquisadora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), economia verde é sinônimo de economia ambiental, o que também significa que a mudança de paradigmas não é tão grande assim. Já a economia ecológica, a outra grande corrente dentro do guarda-chuva da chamada “economia do meio ambiente”, vê a economia como um subsistema de um sistema natural maior. Essa é a grande inversão que a economia ambiental não realiza e que pode ganhar com a radicalidade da crítica marxista.

 A oposição entre as duas economias do meio ambiente não existe nos paralelos da ciência econômica, ao menos não de forma unânime. Enquanto a economia ambiental associa-se aos paradigmas neoclássicos da economia de forma imediata, a economia ecológica não encontra um anteparo imediato nos economistas marxistas ainda. “Ainda resiste uma visão na academia de que Marx era antiecológico”, aponta a pesquisadora.

Mas, parafraseando um dos autores utilizados no artigo, John Bellamy Foster, “muitas das críticas direcionadas ao pensamento ecológico de Marx (ou à ausência dele) o confundem com outros teóricos criticados por ele próprio.” O pouco destaque dado ao debate aprofundado do assunto também prejudica as próprias pesquisas. No próprio programa de pós-graduação em Ciência Ambiental, que Naira faz parte, o conhecimento da economia ecológica não é generalizado desde o início. Não é de se surpreender que poucos marxistas se interessem por economia ecológica.

O interesse de Naira pelo tema veio a partir das reflexões da necessidade de um método adequado a sua pesquisa. No momento, no início de uma pesquisa sobre políticas públicas a serviço do desenvolvimento sustentável, o método crítico dialético foi bem oportuno na medida em que desenvolvimento sustentável pode possuir muitas dimensões distintas, dependendo de quais são seus parâmetros. “Há autores que consideram um paradoxo um desenvolvimento sustentável, pela própria questão semântica”, comenta a pesquisadora.

Para a renovação da relação do homem com a natureza, é preciso que um novo campo do conhecimento seja desenvolvido. Este campo requer um entendimento mais profundo e coerente do próprio ser humano e da natureza. Toda a associação com a filosofia que embasa o neoliberalismo com a economia ambiental, não ajuda a responder todos os desafios.

É mais consensual na academia de que a termodinâmica é um dos elementos mais importantes na diferenciação da economia ecológica. O artigo reforça, é a relação com alguns conceitos do primeiro volume do Capital de Karl Marx. “O diálogo entre as duas áreas é necessário para o aperfeiçoamento de ambos”, Naira conclui.

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