ISSN 2359-5191

30/03/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 28 - Educação - Pró-Reitoria de Pesquisa
Realização de debates efetiva a integração de alunos imigrantes
Projeto Escola Apropriada trabalhou alguns princípios éticos e valores públicos para fortalecer protagonismo das crianças imigrantes dentro de um ambiente escolar bastante diferente da cultura de origem delas
Estudantes estrangeiros passaram, então, a desempenhar papeis de liderança na escola. Francione Oliveira Carvalho.

A equipe gestora da escola Infante Dom Henrique, de São Paulo, e alguns colaboradores vindos da USP construíram um projeto que visa ampliar a integração dos alunos estrangeiros e brasileiros. O Projeto Escola Apropriada trabalhou alguns princípios éticos e valores públicos para fortalecer o protagonismo das crianças imigrantes dentro de um ambiente escolar bastante diferente da cultura de origem delas.

Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, há quase 9 mil alunos vindos de mais de 90 países diferentes. Fruto da globalização, esse número aparece no mesmo momento em que o país dobra seu número de refugiados e recebe cada vez mais imigrantes vindos de diversos locais, como Haiti, Bolívia e Síria. Diante do preconceito sofrido pelas crianças e sua dificuldade de adaptação a um novo país, ações como essa facilitam a incorporação dos alunos estrangeiros ao cotidiano escolar.

O pesquisador do Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da USP (Diversitas), Francione Oliveira Carvalho, colaborou na criação do projeto que se estruturou em debates quinzenais cujo tema era o ambiente e a vivência escolar.

Inicialmente, participavam 30 alunos, imigrantes ou descendentes, de diferentes etnias. E, com o grupo já fortalecido, entraram alunos brasileiros que ajudaram na integração total da escola.

A diversidade e a interculturalidade nas escolas já vem sendo pauta de discussão no cenário latino-americano desde o início do século. “O Projeto Escola Intercultural Bilíngüe de Fronteira (criado num acordo entre Brasil e Argentina) tem o objetivo de promover o intercâmbio entre professores dos países do Mercosul, visando à integração de estudantes e professores brasileiros com os alunos e professores dos países vizinhos. Ele acontece em cidades fronteiriças como Foz do Iguaçu (PR), Uruguaiana (RS), Dionísio Cerqueira (SC)”, cita Carvalho.

O Escola Apropriada, também, foi um dos vencedores da edição de 2015 do Prêmio dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, que visa a estimular ações específicas que tratem da diversidade nas escolas municipais de São Paulo. “O grande mérito do projeto foi o de envolver toda a comunidade escolar na discussão e na construção de uma escola mais inclusiva, democrática e que percebesse a diversidade como possibilidade de produção de conhecimento”, diz o pesquisador. Ao invés de realizar uma ação pontual, o projeto promoveu uma mudança de atitude e de olhar para a escola como um todo, gerando alterações no espaço escolar, no currículo, na relação entre pessoas.

A escola, então, tornou-se mais colorida e os alunos estrangeiros (principalmente os bolivianos) passaram a “aumentar o volume de sua voz” e desempenhar papeis de liderança dentro do ambiente escolar. Houve, inclusive, mostras culturais nas quais eles puderam apresentar elementos de suas culturas de origem, como dança, comida, curiosidades.

Um grupo de alunos, gestores e professores da escola realizou uma expedição na Bolívia, com o objetivo de recolher dados que pudessem ser utilizados na elaboração de um outro projeto curricular. Essa nova ação buscou valorizar ainda mais os conhecimentos sobre o intercâmbio Brasil-Bolívia e está registrada no documentário “Escola Apropriada: Educação, Cidadania e Direitos Humanos”, dirigido por Carvalho e distribuído gratuitamente pelo Diversitas.

O projeto fez com que toda a comunidade escolar notasse as mais variadas formas de conhecimento, tradições e experiências. “Elas podem nos ajudar a notar o mundo e a nós mesmos com outros olhos, ampliando nossas relações e percepções”, finaliza.

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