ISSN 2359-5191

01/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 30 - Sociedade - Pró-Reitoria de Pesquisa
A forma como os habitantes de uma cidade se movem afeta diretamente sua saúde
Deslocamentos sustentáveis contribuem para cidades compactas e melhoram a saúde da população
Mudança de mentalidade na mobilidade urbana é um processo inevitável. Cecília Bastos/USP Imagens.

Estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (NUPENS) mostra como e o quanto o brasileiro tem se deslocado de bicicleta ou a pé. A tese de Thiago Hérick de Sá aponta que, mesmo descontadas as lesões e riscos que o ambiente urbano oferece ao cidadão, deslocar-se ativamente (gastando sua própria energia) ajuda a perpetuar um modelo mais sustentável de cidade e promover o bem-estar da população.

“A forma como a cidade se move afeta diretamente a saúde”, declara Sá. A pesquisa mostra que, embora o Brasil tenha perfis bastante diversos de deslocamento, se faz necessária uma inclinação na maneira de manejar a mobilidade. “Cidades mais compactas funcionam como uma introdução da pessoa na rua” e mostram-se mais saudáveis à população. Não só pela diminuição da poluição e pelo estímulo à atividade física, mas porque “preparam, além do lazer, uma mudança no padrão da mobilidade”.

Algumas cidades brasileiras, como São Paulo, tem direcionado suas ações no sentido de um novo estilo de plano de mobilidade urbana que aponte numa direção mais saudável. Contudo, elas têm esbarrado na tendência histórica brasileira de ocupação espacial que privilegia minorias ricas e, consequentemente, marginaliza e periferiza as camadas pobres. “A disputa hoje é uma disputa pela terra urbana”, afirma.

Em 2015, foi aprovado com muito custo o Plano de Mobilidade de São Paulo. Ele é um exemplo desse quadro nacional e da complexa disputa entre uma velha mentalidade e um novo contexto de busca por cidades mais compactas e acessíveis. Essa iniciativa já vinha sendo pauta dos debates das últimas eleições, mas não existia vontade política dos governantes municipais de enfrentar esse longo processo de adaptação; seja por conta dos benefícios políticos concedidos pela indústria do óleo e do carro, seja pela preferência por atender uma demanda mais imediatista da população.

A demora na criação e implementação dos planos de mobilidade urbana no Brasil se deve justamente ao embate que se dá com forças conservadores que impedem que o Estado gaste dinheiro nessa área. Critica-se o aluguel de bicicletas, planos cicloviários em áreas movimentadas, abertura de ruas de para a população e a reforma das calçadas, por exemplo.

Essa mudança na forma de encarar a mobilidade urbana não se faz do dia para a noite. Os países nórdicos, por exemplo, iniciaram a implementação dessas políticas públicas ainda na década de 70. Sá elenca Portland, nos Estados Unidos, como exemplo de plano a longo prazo a ser seguido. “A maioria das cidades do Brasil não tem feito um plano como em Portland, com ciclovias onde não há conflitos com o espaço ocupado com os carros e implementação de novas calçadas na cidade.”

Na visão do pesquisador, esse processo de mudança é uma tendência universal e uma necessidade porque vivemos num colapso urbano. Já é uma realidade em cidades das mais diferentes origens e localidades. Helsinki, capital da Finlândia, tem inclusive buscado tornar o uso do carro sem sentido. Ou seja, mostrar para os seus habitantes que toda a cidade é acessível à pé ou de bicicleta, e que não se faz necessário o uso dos veículos automotivos.

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