ISSN 2359-5191

06/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 33 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Pesquisa orienta dentistas sobre a Síndrome de Williams
Estudo das manifestações odontológicas da doença permite desmistificação do atendimento
Padrões faciais de portadores (esquerda) e não portadores (direita) da Síndrome. / Fonte: swbrasil.org.br

Uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Odontologia da USP registrou os sintomas odontológicos da Síndrome de Williams, uma síndrome sistêmica - ou seja, que afeta o corpo inteiro - e rara. A partir dos resultados da pesquisa, é possível construir um protocolo de orientação para dentistas sobre de que formas a Síndrome afeta a boca e o tratamento odontológico.

A Síndrome de Williams é uma doença congênita, o que significa que os seus portadores já nascem com ela. Os sintomas envolvem problemas cardíacos, problemas renais, um comportamento social alterado (os portadores são hipersociáveis e muito comunicativos, e também tendem a ter dificuldades de aprendizado) e alterações bucais e faciais. São pacientes que podem exibir ausências dentárias, alterações de forma de dentes e problemas de oclusão mais frequentemente que indivíduos sem a síndrome.

As alterações bucais incluem má oclusão (ou seja, uma mordida alterada) e distúrbios de desenvolvimento dos dentes. Contudo, não é apenas nesse aspecto que o profissional de odontologia deve focar durante o tratamento. É dever do dentista - e de qualquer profissional da saúde - levar em conta a saúde do paciente como um todo. Isso se torna ainda mais importante quando se trata de um paciente com uma doença pré-existente.

A orientadora da pesquisa, Marina Gallottini, destaca a importância de se observar o bem estar do paciente como um todo: “A odontologia é uma profissão da saúde que inclui procedimentos invasivos, como cirurgias. Sempre que executamos uma intervenção no paciente, devemos tentar manter a sua hemodinâmica  - seja ele normal ou doente.”

Os resultados da pesquisa

Segundo Gallottini, os sinais e sintomas encontrados nos 25 pacientes com a Síndrome confirmaram aqueles já descritos na literatura sobre o assunto. O próximo passo foi analisar como esses sintomas afetam o trabalho dos profissionais de odontologia. Os problemas cardíacos frequentemente apresentados por esses indivíduos, por exemplo, não impedem o tratamento. Contudo, é necessário tomar alguns cuidados a mais: “é importante que esses pacientes tenham uma saúde bucal controlada, a fim de minimizar a entrada e proliferação bacteriana no sangue e diminuir os riscos de uma endocardite bacteriana”, a orientadora afirma.

Endocardite bacteriana é uma inflamação cardíaca geralmente causada por bactérias que circulam pelo corpo e se alojam no coração. Trata-se de uma doença de alta morbidade e mortalidade - os pacientes são internados e tratados com altas doses de antibiótico. Um complicador para o tratamento odontológico de pessoas com a síndrome de Williams diz respeito ao seu comportamento, em geral pouco colaborativo. Por isso, uma das orientações dadas a dentistas para lidar com pacientes portadores dessa síndrome é ter atenção ainda maior com cuidados como a prevenção contra cáries e o incentivo a hábitos diários de escovação.

Justamente por se tratar de uma doença rara e pouco conhecida, as orientações aos dentistas se fazem necessárias. Gallottini explica: “Infelizmente, esses pacientes encontram as portas fechadas nos serviços de saúde. Os dentistas desconhecem a doença, e o desconhecido assusta, então eles não atendem”. A pesquisa foi desenvolvida no CAPE (Centro de Atendimento a Pacientes Especiais), uma clínica da FOUSP destinada a portadores de doenças que os afastam dos padrões de atendimento. Lá, são atendidos 57 pacientes com Síndrome de Williams.

Segundo a Associação Brasileira da Síndrome de Williams, cerca de 1 a cada 25 mil nascidos vivos são portadores da Síndrome. Muitos desses não recebem tratamentos por conta da ignorância dos profissionais de saúde. “A função principal das pesquisas é desmistificar o atendimento. Embora sejam síndromes complexas, o dentista não só pode como deve atender”, completa a orientadora.

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