ISSN 2359-5191

11/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 36 - Ciência e Tecnologia - Instituto Oceanográfico
Projeto busca integração de áreas da ciência para um melhor conhecimento do ambiente marinho
Veículo autônomo submersível (Pirajuba AUV) e equipamento óptico de captura de imagens do IO. / Imagens cedidas por Maiá Medeiros

Com o objetivo de integrar diferentes áreas da ciência em prol de um melhor conhecimento do ambiente marinho, um projeto do Laboratório de Sistemas Planctônicos (LAPS, sigla em inglês) do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) está buscando desenvolver equipamentos que, acoplados a um veículo submersível, sejam capazes de captar, de forma mais autônoma, informações sobre o ambiente e imagens dele. O projeto conta com a parceria do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP) e da Escola Politécnica (Poli-USP). 

A pesquisadora do IO, Maiá Gomes Medeiros, se dedica a estudar e avaliar a distribuição de organismos e as condições oceanográficas em regiões costeiras. Para isso, trabalha em duas frentes. Na primeira, ela avalia a distribuição de microrganismos na coluna d’água através da aquisição de imagens feitas por um equipamento dentro de uma caixa à prova d’água, “esse equipamento funciona como se fosse um microscópio, mas aberto, então temos luzes, lentes e a câmera trabalhando na captura dessas imagens”, explica a pesquisadora.

Com essas imagens coletadas, o passo seguinte acontece com o auxílio de um programa desenvolvido por Leandro Ticlia, do IME. O software é capaz de analisar toda a grande quantidade de imagens de uma só vez, pois seria difícil tratar uma a uma. “O usuário do programa vai estabelecer algumas informações, como tamanho e contraste, que ele quer que o sistema retire das imagens, e aí o programa faz tudo de forma autônoma”, explica Maiá. O problema da forma como essa coleta de imagens é realizada está na necessidade de ter, a bordo do barco, um computador conectado à câmera através de cabos de energia e dados, o que limita a mobilidade dela e ainda deixa as informações vulneráveis a mudanças climáticas que podem danificar os cabos, por exemplo.

Na segunda frente, o Laboratório de Veículos Não Tripulados da Poli, sob coordenação do professor Ettore Barros, fornece um veículo submarino autônomo (AUV, sigla em inglês) que está em desenvolvimento desde 2008. Dentro do veículo, Maiá coloca seus sensores, e o equipamento é capaz de realizar uma análise das condições oceanográficas das regiões onde passa, como salinidade, temperatura, pressão, e quantidade de alguns pigmentos como a clorofila.

A pesquisadora atenta para o fato de que equipamentos como esses já existem e são utilizados, separadamente, para recolher informações e imagens do ambiente aquático. O que o projeto dela, sob orientação do professor Rubens Lopes, propõe de diferente é unir as duas frentes ao também inserir o equipamento óptico e o computador que trabalha com as imagens dentro do veículo para que as informações físicas e químicas da coluna d’água sejam coletadas juntamente às informações biológicas das imagens digitais. Ela afirma ainda que, com o computador já inserido dentro do veículo, sem a necessidade de cabos externos conectados a um barco, a possibilidade de perda de dados é menor, e o estudo pode ser mais amplo por não depender da burocracia de barcos e poder fazer uma análise de regiões maiores, não mais somente regiões pontuais próximas à embarcação. Os primeiros testes de campo estão previstos para o início de maio.

Para Maiá, a oceanografia ainda é uma área pouco explorada. Ela afirma que esse é o primeiro estudo na América do Sul que propõe a aquisição e análise de imagens in situ, ou seja, no próprio local onde elas foram tiradas. Outro ponto positivo desse projeto é o envolvimento do pesquisador no desenvolvimento dos equipamentos e do programa que será utilizado para tratar os dados obtidos, pois uma vez que sabe como seus equipamentos funcionam, não só externa, mas internamente, o pesquisador está mais apto a trabalhar com eles. Além disso, o estudo em conjunto desse bloco de informações das áreas de química, física e biologia pode promover uma intersecção benéfica para a oceanografia: “às vezes você tem algum dado da física e da biologia isolados que, se adquiridos e estudados em conjunto, poderiam ser utilizados pra explicar algum fenômeno, por exemplo”, ela concluiu.

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