ISSN 2359-5191

28/03/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 02 - Educação - Faculdade de Educação
Fapesp não pode ampliar o número de bolsas

São Paulo (AUN - USP) - "A Fapesp está no limite da sua capacidade de absorver bolsas". Esse foi um dos problemas apresentados pelo professor José Fernando Perez, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, na Faculdade de Educação da USP, no dia 3 de abril. A aula magna, cujo tema era ‘Pesquisa: Desafios e Oportunidades’, mostrou que ainda é preciso estabelecer qual a função da pesquisa no Brasil, evitar a fuga de "cabeças" para o exterior e aumentar os investimentos das instituições nacionais de fomento à Pesquisa no Estado de São Paulo.

Desde o ano de 1989, a Constituição de São Paulo assegura que pelo menos 1% da arrecadação tributária estadual é destinado à Fapesp. Desse dinheiro, 38% são destinados ao custeio de bolsas, mais do que o fornecido pelo Capes e CNPq juntos. A fundação paulista não tem como ampliar esse montante. "A Fapesp não diminuirá o número de bolsas que já existem, mas esse número também não vai aumentar", ressalta Perez.

Nesse ponto, surge outro problema: porque os pesquisadores do Estado de São Paulo contam com investimentos da Fapesp, a ajuda federal é reduzida. O que a fundação paulista aplica sozinha em pesquisa equivale ao valor investido por todas as instituições federais. "O que não pode acontecer são investimentos em outros Estados em detrimento de São Paulo. Não é porque existe a Fapesp que somos auto-suficientes".

Outra questão levantada é o que tem sido feito para impedir que profissionais brasileiros competentes se mudem para o exterior, onde as ofertas de emprego costumam ser melhores. Os Estados Unidos, por exemplo, abriram aproximadamente 200 mil vagas, em um processo de importação de mão-de-obra qualificada. Se, tempos atrás, os equipamentos utilizados eram responsáveis pela maior parte dos gastos com pesquisa, hoje, o mais caro é a mão-de-obra especializada.

Para evitar essa fuga, a Fapesp tem um programa de apoio à pós-graduação, por meio de uma "internacionalização". Assim, os pós-graduandos beneficiados pelas bolsas fornecidas pela fundação têm contato direto com o exterior, mas não vão fazer doutorado lá fora. Isso também visa a impedir a "mediocrização da pós", mantendo os bons alunos no país.

Para Perez, "a missão da Fapesp é financiar pesquisa e gerar conhecimento". Nesse contexto está o fato de que a pesquisa tem certa responsabilidade sobre a melhora do ensino público, na medida em que a formação de professores pesquisadores é fundamental nesse processo.

Outro programa, o Pite (Programa de Inovação Tecnológica), vai além dessa geração de conhecimento. Por meio de uma parceria entre empresas privadas e Universidades, deve também resultar em algum produto que tenha valor comercial para o "cliente".

Surge outra questão, levantada por uma pós-graduanda da Faculdade de Educação: as pesquisas, especialmente as relacionadas com o ensino, deveriam ter resultados revertidos a uma parcela da população que não tem acesso à Universidade Pública. Como conciliar o compromisso social aos interesses de mercado foi a principal dúvida levantada. E, talvez, um dos principais desafios da pesquisa.

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