ISSN 2359-5191

26/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 45 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Impacto ambiental pode ser reduzido com reaproveitamento cerâmico
Resíduos da indústria cerâmica podem ser utilizados em até 10% da composição de novos produtos
O limite de rejeito aproveitado pode aumentar no caso de um bloco de sustentação maciço. Fonte: http://www.fiemt.com.br

Quando alguma telha ou bloco cerâmicos não adquire o aspecto desejado ou vem com algum defeito da linha de produção, ele normalmente é descartado na natureza. Um estudo proposto pelo pesquisador Orley Magalhães de Oliveira, da Escola Politécnica, realizou ensaios físicos e químicos em corpos de amostra de cerâmica vermelha e descobriu um percentual de 5 a 10 por cento de rejeito que pode ser utilizado na massa de novos produtos.  

A ideia para o trabalho do pesquisador foi inspirada na observação da realidade do rejeito das indústrias cerâmicas presentes na região em que ele vive, ao redor de Vitória da Conquista, no estado da Bahia. “O rejeito é um poluente, um material que não era aproveitado pra nada e ficava num canto ao lado das indústrias, jogado”, explica o pesquisador. “Então, se você reutilizar esse material na linha de produção, na criação de novos produtos cerâmicos, vai diminuir o impacto ambiental.”

Oliveira aponta outras vantagens da reutilização do rejeito. “Isso vai economizar matéria-prima e gerar um retorno econômico para a indústria. Eu não cheguei a calcular quanto, mas não há dúvida de que as indústrias vão se utilizar de uma taxa de reaproveitamento de 10%”. O pesquisador ainda comenta que uma indústria de sua região já passou a adotar a reutilização cerâmica.

A pesquisa

O pesquisador separou diversos corpos de prova para testar até que ponto a concentração de rejeito na massa do produto final influenciava suas características. Ele realizou testes para analisar a absorção de água, a retração na queima do produto cerâmico, a porosidade, a massa específica e o limite de plasticidade; fatores que não sofreram grandes alterações.

O fator que limitou o uso do rejeito a 10% do produto final foi o teste de resistência, ou seja, a capacidade do bloco de sofrer esforços de flexão, quando pressionado em três pontos diferentes. “Na questão da absorção de água, porosidade e outros aspectos, poderia-se passar desse valor. Mas o que aconteceu foi que ao acrescer o rejeito, a resistência à flexão do bloco diminuiu”, reporta o pesquisador, que usou como parâmetros as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

 Ensaio de flexão do corpo de prova em 3 pontos. Fonte: Orley de Oliveira.


Oliveira ainda frisa que o limite de rejeito aproveitado pode aumentar no caso de um bloco de sustentação maciço, como um tijolo revestido. Isso porque como o tijolo maciço é mais denso, ele consegue atingir uma resistência maior. Ele ainda ressalta que a descoberta serve para usos da cerâmica vermelha, que é a mais utilizada no dia-a-dia, mas que para outros tipos de cerâmica seriam necessários outros estudos sobre o tema.


Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br