Empossado como titular em março, Felipe González ocupará a cadeira da Cátedra José Bonifácio Centro Ibero-Americano da USP (Ciba) em 2016. Em sucessão a Nélida Piñon, o ex-primeiro-ministro da Espanha foi convidado pelo seu esforço em busca da consolidação política espanhola, da interligação do país com a América Latina e da construção de um protagonismo mais efetivo da Espanha dentro da Comunidade Europeia.
Indicado por Nélida Piñon (que liderou a cátedra no ano de 2015), González tende a levar as 21 linhas de pesquisa que compõem a Cátedra em 2016 a pensar nas correlações entre os países da Ibero-América e o resto do mundo. “Muitas de nossas democracias são jovens e frágeis, portanto, trata-se de um momento importante pra que tenhamos uma personalidade que levante as bandeiras da democracia, do respeito às liberdades de expressão e das instituições”, aponta Gerson Damiani, secretário-executivo do Ciba e coordenador científico da Cátedra.
Fundada em 2013, a Cátedra José Bonifácio tem por objetivo ser o polo estimulador e concentrador de diversas áreas do conhecimento sobre a Ibero-América. Damiani considera que a Cátedra tomou noção da magnitude das questões sobre os países que compõem o grupo e sobre si mesma em seu primeiro ano, quando foi ocupada pelo ex-presidente do Chile Ricardo Lagos. Já em 2014, liderada pelo ex-secretário-geral da Sebig (Secretária Geral Ibero-Americana), ela dialogou com as diferentes partes que a compõem. E, sob o comando da brasileira Nélida Piñon, a cátedra investigou seus porquês, seus registros e seu passado.
Agora, Felipe González vem na tentativa de ajudar a compreender a posição dos países ibero-americanos num cenário de ascensão global de figuras da extrema-direita que ameaçam a autonomia da Ibero-América atualmente. Damiani aponta Donald Trump, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, como ameaça real e palpável às questões de governança e democracia na região e, portanto, tema abordado pela Cátedra neste ano.
Desde a sua origem, a integração entre os vinte e dois países da Ibero-América tem sido o foco do Ciba. A figura de José Bonifácio como norteador da Cátedra aponta uma intenção de incorporar a região através da interligação e da justaposição histórica. “A revolução de José Bonifácio não foi a revolução armada, mas sim a das ideias”, declara Damiani. Para a USP, ter todas as áreas do conhecimento refletindo sobre os países ibero-americanos aponta uma riqueza no âmbito da integração internacional que é crucial para a perpetuação da universidade. Mesmo em 2015, quando o foco da Cátedra foi a literatura, a variedade de temas se manteve.