ISSN 2359-5191

05/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 51 - Saúde - Faculdade de Medicina
Exame com laser pode auxiliar no diagnóstico do câncer do lábio inferior
Método em imagem permite análise prévia do tecido sem necessidade de biópsia
A médica Paula Silva Ferreira realiza o exame, que promove um aumento de 30 vezes da pele e permite a identificação de irregularidades no crescimento das células. Foto: Paula Silva Ferreira.

O câncer do lábio inferior, também denominado de queilite actínica, é um tipo de câncer de pele. Ele acomete o lábio inferior e pode ser percebido através de escamações ou de pequenas feridas no local. Por afetar uma região muito vascularizada da pele, é um carcinoma mais suscetível à metástase (disseminação do tumor).

Pensando nisso, a dermatologista e doutoranda da Faculdade de Medicina da USP Paula Silva Ferreira se propõe, em seu estudo que está em curso, a analisar a aplicação do método de microscopia confocal para promover o diagnóstico precoce da doença.

No exame, é usado um laser de baixa potência, que não agride nenhum tecido, para se observar detalhes das células na parte mais superficial da pele — ele consegue atingir até a derme papilar. A fonte luminosa entra em contato com substâncias que refletem, tais como a queratina e a melanina, e forma-se uma imagem que aparecerá na tela do computador.

A partir disso, o aumento de 30 vezes em cortes horizontais permite uma análise prévia do tecido, complementar à biópsia, para se identificar a presença ou não de câncer naquela área do corpo. “Conseguimos verificar se as células estão de tamanhos diferentes, um sinal de displasia (desenvolvimento anormal do tecido), ou se estão invadindo a derme, onde não deveriam estar”, explica Paula.

Quando alguma irregularidade no crescimento das células é descoberta em uma fase pré-neoplásica — antes que o tumor se desenvolva —, o tratamento consiste em proteção solar e acompanhamento médico. Em casos mais avançados do câncer, o lábio é retirado cirurgicamente e reconstruído pela suturação da mucosa com a pele, e os resultados estéticos são bons. Quando ocorre a metástase, no entanto, as complicações são maiores.

Identificação

O câncer do lábio inferior corre o risco de ser confundido com apenas um ressecamento da boca por causa do sol ou do frio. Só vai ser percebido, então, quando alguma ferida aparece no lábio, podendo já ter migrado aos linfonodos e causado maiores danos internos ao organismo. “Às vezes a pessoa tem apenas uma perda no limite da vermelhidão do lábio. Normalmente, conseguimos ver bem onde acaba o lábio e onde começa a pele. Nelas, esse limite já não está mais nítido, o lábio está quase da cor da pele”, diz a dermatologista.

A doença é comum no Brasil em pessoas de pele clara que se expõem muito ao Sol durante a vida, como trabalhadores rurais. Em geral, começa a se manifestar em indivíduos por volta dos quarenta anos. Como o seu fator de risco, a exposição solar crônica, é o mesmo de outros carcinomas de pele, muitos pacientes que buscam tratamento para outros tipos de cânceres no rosto descobrem que também possuem tal alteração.

Há oito aparelhos de microscopia confocal no Brasil, restritos ao uso de grandes hospitais e de ambientes universitários. Para os casos de queilite actínica, a aplicação do exame como ferramenta adicional no diagnóstico é ainda objeto de estudos como o de Paula — já é usado, contudo, para outros tipos de cânceres de pele, como melanomas. Considerando que a biópsia muitas vezes não demonstra resultados cancerígenos, o intuito é que ele auxilie na triagem. “Seria para ajudar na tomada de decisões, a analisar se é um caso suspeito, onde biopsiar”, afirma a doutoranda.

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