ISSN 2359-5191

09/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 53 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Novas tecnologias podem afetar o futuro da TV
Interação entre diferentes telas e sistemas pode ser alternativa para o modelo de negócio televisivo
Cenário em que uma mídia dialoga com a segunda tela. Fonte: http://www.tiagodoria.com.br

Celulares e computadores são capazes de interoperar entre diferentes sistemas, ou seja, eles funcionam no Brasil ou em qualquer outro canto do mundo. Televisões são produtos regionais. Se alguém quiser se mudar para Paris e levar sua TV adquirida no Brasil, ela não terá utilidade. “Por que não pensar na televisão como um produto de um sistema global?” É uma das perguntas levantadas por Gustavo Moreira Calixto, pesquisador do Centro Interdisciplinar de Tecnologia Interativa (CITI), vinculado à Escola Politécnica.

“Nos anos 90, a televisão era o principal centro de mídia. Não havia outros dispositivos com tal poder de interação como a TV,” afirma o pesquisador. “Nos dias de hoje, os novos usuários têm, além da TV, o notebook no colo e o celular na mão”. Enquanto essa realidade é positiva do ponto de vista tecnológico, ela afeta o modelo de negócios da televisão.

“Nos últimos anos, as grandes redes brasileiras de televisão começaram a diversificar a maneira em que elas fornecem conteúdo para as pessoas”, aponta Calixto. “Elas saíram do modelo de TV linear, em que o espectador tem que esperar determinado horário para assistir determinado conteúdo, e passaram a se utilizar da internet e do acesso a serviços por meio da segunda tela”. O acesso em segunda tela seria uma maneira de fazer outros dispositivos, como um celular, por exemplo, interoperar com a televisão, mantendo a interação do espectador com a TV.

Dentre as formas de interação da TV com outros dispositivos, o pesquisador aponta três possibilidades para o uso da segunda tela. O primeiro deles seria a função de controle, em que a pessoa poderia escolher o que passa na primeira tela, a partir do smartphone. A segunda é a possibilidade de mover o conteúdo entre telas, como no caso de alguns indivíduos com seus celulares ao redor de uma televisão. Se algum deles tiver interesse em compartilhar mídia, ele pode mover o conteúdo do celular para a televisão (e vice-versa) para ficar mais acessível aos outros. “Nem sempre os gadgets são a segunda tela, como a TV também pode ser”, afirma o pesquisador. “Podemos falar de um contexto de múltiplas telas”.

A terceira forma de interação é o uso da segunda tela como procura de informação extra. Atualmente, essa busca por informações parte da iniciativa dos usuários, que procuram por alguma palavra-chave na Internet. Calixto aponta maneiras da própria TV interagir com o espectador. O pesquisador elaborou experimentos que mediram a eficácia da transmissão de amostras de conteúdo (que fazem a função das palavras chave) para a segunda tela através de vídeo e áudio.

Exemplo do uso do QRCode na televisão. Fonte: Gustavo Calixto

No caso do vídeo, uma vez apontada a segunda tela para a tela principal, ela conseguiria ler um código (QRCode) similar aos usados em embalagens de produtos comerciais, que transmitiria a informação extra. Nos testes realizados, esse tipo de abordagem fica limitado aos espectadores mais centralizados, em frente à tela.

O pesquisador defende que a transmissão por áudio seria mais interessante. Ela pode ser utilizada através do reconhecimento de áudio fingerprint, como se é usado em aplicativos como o Shazan, em que o dispositivo da segunda tela seria capaz de perceber a frequência dominante de certa música. A limitação do reconhecimento fingerprint é que existe a necessidade de haver uma frequência dominante, como uma música, no fundo da transmissão.

Outra maneira de transmitir de informações é através de técnicas de áudio watermark, em que alguns microfones e televisores são capazes de captar e reproduzir frequências não audíveis pelo ser humano. Dessa forma, o dispositivo de segunda converteria as mensagens recebidas pelo áudio em um link ou em alguma outra forma do usuário acessar o conteúdo extra. A limitação desse tipo de transmissão seria precisamente a necessidade de um hardware com a capacidade tecnológica necessária.

 

Colaboração Brasil-Europa

Além dos estudos de segunda tela, o pesquisador participou de um projeto de desenvolvimento de uma plataforma de TV digital interativa (Global ITV), que é capaz de ser operada tanto no padrão brasileiro quanto no europeu. Ela consiste em um aplicativo articulado aos receptores de TV e aos dispositivos de segunda tela. Esse aplicativo seria capaz de conversar com os dois padrões diferentes, interligando os dispositivos envolvidos.

Segundo Calixto, a próxima etapa da pesquisa é realizar um teste em campo, aplicando o que foi desenvolvido em situações reais de uso.


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