Depois de participar da instalação em rede dos transformadores de distribuição ecológicos em 2003 pela CPFL Energia (Companhia Paulista de Força e Luz), o colaborador e aluno do Programa de Doutorado da Escola Politécnica Vagner Vasconcellos, em sua tese de doutorado, validou o uso do equipamento depois desses 12 anos de trabalho em condições reais de campo no Brasil. Para isso, retirou da rede o transformador verde mais velho, desmontou-o, e fez uma análise completa de seu desempenho, comprovando testes laboratoriais anteriores e reafirmando que a utilização do óleo vegetal é viável porque, entre outras coisas, ele tem durabilidade e não estraga o equipamento
A tecnologia ecologicamente correta
Transformadores de distribuição ficam em postes nas cidades e fazem a última mudança no nível de tensão, para que seja possível, a partir da alta tensão, utilizar apenas 220V nas casas. A tecnologia convencional utiliza óleo mineral (a base de petróleo), que é tóxico e inflamável. O transformador verde, por sua vez, é uma alternativa ecologicamente correta porque utiliza o óleo vegetal à base de soja, que é o mesmo que se usa na cozinha, mas com alguns aditivos. Vasconcellos explica que o transformador verde traz benefícios por ter maior capacidade térmica (para atender a mesma carga, usa-se menos transformadores) e pelo óleo não ser tóxico e inflamável. Além disso, o transformador verde tem outras diferenças que tornam o equipamento mais eficiente.
A instalação e a pesquisa de validação
O uso do transformador verde é comum em outros países, principalmente os Estados Unidos. Porém, o Brasil começou a instalar há pouco tempo, no projeto da CPFL em 2003. Vasconcellos foi gestor do projeto na empresa, em que a ideia era produzir um equipamento que fosse utilizado em larga escala, para uso contínuo, e não algo pontual. Foram instalados, então, dez transformadores ecológicos na época e nos últimos 12 anos a empresa foi comprando cada vez mais peças, normalizadas pela ABNT.
Com a novidade já em prática, o pesquisador viu a necessidade de analisar como foi o desempenho real dos equipamentos nesses anos de funcionamento e, assim, alcançou a validação e padronização do uso. Ele explica que os artigos sobre o assunto limitavam-se a simulações: “tinha-se muita informação de laboratório de que o óleo era menos agressivo, por exemplo, mas depois dos 12 anos em que ele ficou em operação, nós o desmontamos e comprovamos isso realmente”. Atualmente, o uso do transformador verde é padrão na CPFL (desde 2013 não se compra mais transformadores de distribuição com óleo mineral) e existem 15 mil equipamentos instalados, juntamente com uma linha de produção em funcionamento. É possível vê-los nos postes de algumas cidades, pintados de verde.
Dessa forma, a tese de Vasconcellos serviu de base para a revisão da norma de transformadores no Brasil e consequente padronização do uso. A ideia, agora, é aguardar o tempo necessário e retirar um transformador depois de 15 anos de trabalho e outro depois de 20 anos, que é o limite de vida útil, e acompanhar todas as fases da vida dele.