ISSN 2359-5191

23/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 82 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Estudo dos efeitos dos aerossóis na formação de nuvens na Amazônia avança
O projeto GoAmazon encerrou sua fase de coleta de dados e deve contribuir para os modelos de previsão do tempo
Créditos: Reprodução

O projeto GoAmazon, realizado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) em parceria com a Universidade da Califórnia (UCLA) e o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE), encerrou sua fase de coleta de dados. Lançado em 2014, a iniciativa instalou equipamentos meteorológicos que coletaram dados, durante dois anos, na região de Manaus. O objetivo da pesquisa é estudar o papel dos aerossóis na formação de nuvens e também estudar a influência de sistemas meteorológicos de larga escala no clima específico da Amazônia. Os dados coletados poderão servir de base para melhorar os modelos de previsão atmosférica.

O coordenador do projeto e docente do IAG, Tercio Ambrizzi, explica que já foram feitos estudos sobre os efeitos dos aerossóis (pequenas partículas em suspensão no ar, que podem ou não ser de origem poluente) na formação das nuvens. “Mas, para a Amazônia, ele é inédito”, afirma. Segundo o pesquisador, o estudo desse tema na Amazônia é importante por se tratar de uma região que influencia diversas outras partes do mundo, particularmente a América do Sul, e que tem um papel importante no clima global: “O foco [do projeto] é a Amazônia, mas a aplicação pode ser para outras regiões. Como a Amazônia tem esse papel importante de fomentar, de ajudar a alimentar a atmosfera com umidade e criar um equilíbrio térmico, esse estudo pode afetar outras regiões do Brasil, América do Sul e eventualmente de outros lugares do globo”, completa Ambrizzi.

Delimitação espacial e topografia (m) da bacia Amazônica. Em destaque a localização das estações de coleta de dados do projeto GOAmazon / Créditos: Acervo pessoal

O pesquisador explica também que os aerossóis impactam diretamente no volume de chuvas, já que determinam a quantidade e o tamanho das nuvens que serão formadas. A umidade disponível no ar se distribui entre as partículas em suspensão (aerossóis), logo uma quantidade grande deles, com pouca umidade disponível, significa nuvens menores. Por outro lado, se existe um volume grande de umidade e de aerossóis disponível, nuvens maiores serão formadas e as chuvas serão mais intensas.

Esse processo, porém, não é bem representado pelos modelos atmosféricos de previsão do tempo, que não levam em consideração a quantidade de partículas em suspensão e a poluição do ar nas estimativas de chuva: “Os modelos hoje, por uma série de fatores, têm ainda uma dificuldade de representar realisticamente o desenvolvimento de nuvens. Então, ao inserir aerossóis nessas nuvens, você está criando um fator a mais de incerteza. E, portanto, os modelos ainda estão em evolução nesse sentido”, explica Ambrizzi. O pesquisador ressalta também que a maior fonte de aerossóis atualmente, na cidade de São Paulo, é a frota veicular, e que em termos de mudança climática, é necessário pensar em reduzir essas emissões.

Além de ampliarem o conhecimento científico sobre o processo de formação e desenvolvimento das nuvens, os dados coletados pelo GoAmazon poderão ser utilizados para melhorar as estimativas de chuva e, assim, prevenir desastres naturais em regiões mais vulneráveis na região amazônica: “Isso vai facilitar previsões de curto período e eventualmente você pode evitar tragédias em aldeias e em cidades que estejam menos preparadas”, relata Ambrizzi. “Acredito que nos próximos anos vamos ainda estar analisando os dados, além de melhorar os modelos para que eles possam representar a realidade de forma mais fiel”.

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