ISSN 2359-5191

24/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 83 - Sociedade - Escola Politécnica
Pesquisa avalia o quanto canteiros de obras devem compensar impactos sobre os moradores no seu entorno
Método leva em consideração que cada vizinhança tem um perfil e é afetada de um modo diferente
Fonte: http://oglobo.globo.com

O setor da construção civil tem importância fundamental no futuro e sustentabilidade das cidades, mas muitas vezes os impactos no ambiente e na população que vive ao redor de um canteiro de obras são deixados de lado. Foi pensando nisso que a doutoranda da Escola Politécnica, Viviane Miranda Araújo Fiorani, elaborou uma maneira de não só diminuir, mas, também, compensar o dano causado aos vizinhos dessas construções.

A compensação em áreas urbanas deve ser diferente do que em áreas rurais. “Nas áreas rurais, você se preocupa principalmente com a fauna e flora”, afirma a pesquisadora. “Já na área urbana, um dos maiores impactados é o ser humano que mora na região”. Fiorani cita ainda um exemplo de um asilo, que mesmo não sendo afetado diretamente pela construção de um metrô na vizinhança, teve que sair dali por causa do ruído gerado.

A pesquisadora desenvolveu uma análise dos tipos de impacto que podem ser gerados, selecionando os mais frequentes e relevantes (validados por pesquisa com diversos engenheiros), para servirem de indicadores. Os quatro indicadores finais que determinam o impacto antropológico são: ruído, emissão de material particulado, danos às edificações vizinhas e ocupação da via pública. Juntos, eles formam um índice, de 0 a 10, que mede o valor que deve ser compensado.

A partir disso, Fiorani elaborou questionários que devem ser aplicados aos vizinhos de um canteiro de obra, para pesar o quanto cada indicador deve influenciar na compensação.

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Leg: As linhas pontilhadas representam os vizinhos que seriam levados em consideração em cada caso. Pessoas localizadas mais longe do que isso podem sofrer interferência de outras obras. Fonte: Viviane Fiorani

A pesquisadora ressalta a importância de levar em consideração que cada vizinhança tem um perfil diferente, e que cada indicador pode afetá-la de um jeito diferente. Por isso, os questionários tentam entender o quanto a população se sente prejudicada por cada impacto. Ruído, por exemplo, é muito mais impactante para um bairro em que as pessoas costumam ficar em casa, do que em outros onde a maioria dos moradores sai para trabalhar.

Em relação aos questionários, todos os moradores que possuem casas ao redor são procurados para participar. No caso de edifícios, é levada em consideração uma amostragem estatística relevante dos indivíduos que o frequentam. No caso de um prédio de 400 apartamentos, seriam entrevistados 196. 

“Como no meio urbano o impacto é na própria vizinhança, é interessante ela própria sinta o retorno do que ela foi prejudicada”, ressalta a pesquisadora. Exemplos dessa compensação seriam equipamentos sociais como praças e parques. Mas Fiorani deixa a forma da compensação em aberto, para ser avaliada por entidades de bairro e pela prefeitura, dependendo da situação. “Talvez um bairro de classe alta não se interesse tanto por obras, sendo que ele tem a oportunidade de investir a compensação tanto em pesquisa de impactos urbanos, como em outras regiões mais carentes”.


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