ISSN 2359-5191

28/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 85 - Saúde - Faculdade de Medicina
Musicoterapia reduz o estresse em crianças internadas para a realização de cirurgias
Veronique realizava as atividades musicais com pequenos instrumentos, como o xilofone visto na imagem./ Fonte: Veronique Lima

Estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo comprova os efeitos benéficos e redutores de estresse de atividades musicais durante o processo de internação cirúrgica de crianças. Conduzida por Veronique Lima e orientada pela professora titular do departamento de Clínica Médica, Berenice Bilharinho de Mendonça, a pesquisa convidou pacientes com alterações urogenitais internados no Hospital das Clínicas (HC) para participarem de sessões de musicoterapia.

Quando um indivíduo passa por um período no hospital, seus níveis de estresse aumentam. Por estar longe de casa, afastado da família e dos amigos, a pessoa se encontra mais vulnerável e, para Veronique, “ações planejadas que visem melhora do bem-estar do paciente e resgate de autonomia são importantes”. Foi por conta disso que musicista decidiu começar essa pesquisa de mestrado.

Por meio da Escala de Estresse Infantil (ESI), foi possível identificar que o grupo experimental apresentou redução maior nos níveis de estresse do que o grupo de controle, ainda que não tenha sido possível observar esses resultados através da coleta de cortisol. “Teria sido melhor se o exame fosse feito imediatamente após as atividades, e não antes, como era. Isso porque o cortisol salivar reflete o estresse imediato do organismo, sendo susceptível a alterações decorrentes de quaisquer eventos que se interpõem entre as sessões musicais e a coleta da saliva, talvez por isso este descompasso”, explica Veronique.

As atividades musicais

Participaram do estudo 40 pacientes, 22 no grupo experimental e 18 no controle. Visando homogenizar a amostra, todos os indivíduos eram crianças que passariam por um procedimento cirúrgico por conta de uma alteração urogenital. “Nos dias em que havia internação, eu ia até o hospital para conversar com as crianças e as famílias e explicar como seriam as atividades, se eles autorizassem, a gente começava”, diz a musicoterapeuta.

Logo após a internação, um teste de estresse era feito e já começavam as atividades musicais, que ocorriam diariamente, exceto no dia da cirurgia. A sessão de musicoterapia era feita por Veronique, que utilizava pequenos instrumentos e um teclado portátil, que eram tocados por ela e também pelas crianças. Outros materiais como fantoches e livros também eram usados, principalmente com as crianças mais jovens. As atividades eram sempre desenvolvidas a partir do gosto dos paciente, sendo que “a proposta era a de que eles interagissem, participassem”, comenta a pesquisadora.

O segundo teste psicológico de estresse era feito no dia da alta médica ou no quinto dia após a cirurgia. Para as crianças do grupo controle, as atividades musicais eram oferecidas após o encerramento da pesquisa, caso elas se interessassem. Por meio da análise dos testes e de comparação dos grupos, foi possível observar uma diminuição nos níveis de estresse e melhora no bem-estar. Para a professora Berenice Bilharinho, “a redução do estresse foi clara nas crianças expostas às atividades musicais”.

Para Veronique, tão importante quanto tratar a parte física de um paciente é cuidar do lado emocional. Para a musicoterapeuta, a hospitalização em si já pode ser causadora de  estresse nas crianças, principalmente nas menores. Por isso, ela enxerga as atividades como algo positivo e que pode ser expandido para outras áreas do próprio HC. “Após este estudo, implementamos uma atividade musical programada pela Veronique com os pacientes de nossa enfermaria, o que tem sido muito bem avaliado por eles e por nossa equipe de enfermagem”, comenta a professora Berenice.



Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br