ISSN 2359-5191

29/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 86 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Pesquisa propõe melhorias para embarcações de pesca do Espírito Santo
Otimização pode trazer até 50% de economia por ano no consumo de combustível
Foto: Lucas de Carvalho Guesse

Lucas de Carvalho Guesse, pesquisador da Escola Politécnica, entrou em contato com pescadores do Espírito Santo, lugar em que mora e trabalha, e identificou as possibilidades de melhoria das embarcações de pesca já existentes. A ideia de sua dissertação de mestrado era avaliar o desempenho das embarcações pesqueiras e sugerir mudanças de baixo custo que poderiam diminuir o consumo de combustível, porque criar um projeto totalmente novo traria muito custo para os pescadores, que teriam que começar uma mudança do zero. Analisou que problemas como motor mais potente que o necessário e operação do motor de forma inadequada poderiam ser resolvidos para se ter menor gasto com combustível.

A construção das embarcações no Espírito Santo é feita de forma artesanal, trabalho passado de geração para geração em uma comunidade de baixa renda. “Os trabalhadores que constroem as embarcações fazem uma obra de arte. São estruturas gigantescas de madeira, que são muito difíceis de fazer”, explica Guesse. Mas, existem partes técnicas que vão além do empirismo e necessitam de conhecimento da engenharia. O pesquisador tem contato com pescadores por ser professor do curso de engenharia de pesca na parte de estudo de embarcações no Instituto Federal do Espírito Santo. Em parceria com a Associação de Pescadores, propôs a ideia de estudar embarcações já existentes para pensar em possíveis melhorias, e viu quem teria interesse em ajudar. Guesse conta que, no início, havia uma resistência por parte dos pescadores mas, depois, alguns deles se disponibilizaram para contribuir com a pesquisa.

Foram utilizadas embarcações em fase de término da construção, para que pudessem ser avaliadas também fora d’água, como a pesquisa demandava. O pesquisador observou falhas, e, a partir da literatura, pensou em soluções que poderiam ser executadas em outro momento. Um dos principais problemas encontrados foi a utilização de motores com potência  maior do que a necessário (gasta mais combustível), pois, em geral, os pescadores pensam que quanto maior o motor, maior a velocidade que ele consegue atingir. “Eles acabam não pensando que é um conjunto de fatores que faz a embarcação atingir tal velocidade”, diz. Outro aspecto negativo foi o superaquecimento do ambiente em que se localiza o motor, porque um resfriamento correto do ambiente faz com que ele funcione de forma mais eficiente. Guesse sugeriu, então, uma alteração de menor custo inicial que seria o aumento da ventilação e mudança do sistema de resfriamento, que já traria uma melhoria de 30% na eficiência. Outra de maior custo inicial que seria a troca do motor por um de menor potência, que conseguiria ser pago com 5 meses de funcionamento. Se as duas alterações fossem realizadas concomitantemente, o pescador poderia reduzir em cerca de 50% os gastos com combustível, segundo o pesquisador.

Feitas essas sugestões de baixo custo para melhorar a eficiência, Guesse propõe como trabalho futuro a aplicação dessas sugestões. Ainda não foi possível executá-las porque existe uma questão financeira envolvida e, como as embarcações testadas são novas, ainda vão navegar por um bom tempo antes de parar no estaleiro novamente, devido à necessidade do pagamento do financiamento feito para as construções. Para o pesquisador, os pescadores se disponibilizam pouco porque não enxergam o benefício a longo prazo, pensam que vão parar a embarcação por um tempo para a reforma quando poderiam estar pescando e ganhando dinheiro. “O futuro deles é daqui um, dois anos, no máximo. Eles não pensam em um futuro de 10 anos”, diz.

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